31 outubro 2008

Vamos melhorar o nosso país

Era tão bom que estivesse instituído o hábito social de virar os carros que estacionam em cima das passadeiras e afins...

A forma ideal de combater radicais


Não é a arrancar cartazes. É a desmascará-los. Assim, sim.

29 outubro 2008

Eu não disse que era só o começo?


«[...] os últimos anos têm sido marcados por um permanente crescimento dos custos dos combustíveis fósseis, tendo-se assistido, em especial desde o final de 2007, a uma subida muito acentuada desses custos, o que resultou no surgimento de desajustes importantes entre o nível de custos incluído nas tarifas reguladas de energia eléctrica e os custos efectivamente incorridos pelo comercializador de último recurso na aquisição de energia eléctrica no mercado grossista.[...] O elevado valor dos referidos custos justifica a adopção de um período de repercussão tarifária suficientemente longo, que se estabelece em 15 anos e se inicia em 1 de Janeiro de 2010, para permitir diluir, de forma significativa, o seu impacte económico nas tarifas de electricidade, em termos que são neutros para o desenvolvimento do mercado liberalizado de energia eléctrica, face à natureza universal da tarifa de uso global de sistema através da qual serão repercutidos esses custos, não impedindo, assim, a existência em 2009 de um mercado retalhista com um nível de concorrência adequado e igualdade de oportunidades para os vários operadores envolvidos.»

Não. Não se trata de um texto humorístico nem de um teste de Economia do 9º ano. O Despacho nº27677/2008 revela a convicção do executivo de que é possível um mercado liberalizado em que as variações nos custos não são repercutidos no preço.

28 outubro 2008

Uma perspectiva mais liberal sobre a solução da crise

Só para mostrar que nem toda a gente clama por mais regulação.

Isto é só o começo...


«O acordo oficial entre o Governo português e a aliança Renault-Nissan para a implementação de uma rede de abastecimento para o projecto dos carros eléctricos vai ser assinado a 22 de Novembro.»
(in Público)

Com o seu repentino ganho de credibilidade, o Estado-empresário-visionário anda todo contente a implementar novos projectos da sua preferência. Projectos tão bons que só com o apoio da corporação de contribuintes lusos seriam possíveis. A última é um projecto todo espectacular, modernaço e ecológico que implica a implementação de uma rede de "abastecimento" específica para esta marca de veículos e, pelos vistos, em detrimento de uma solução que permitisse o abastecimento universal de veículos eléctricos. Imagine o leitor como seria se tivesse de haver uma rede de abastecimento para cada marca automóvel. Não acharia o máximo?

Leitura recomendada do dia

27 outubro 2008

Cabeça no ar


Nem dei pelo Xanana ter sido feito refém pelas FARC

23 outubro 2008

Redistribuição sexual


Os Contemporâneos acabaram de ter uma ideia genial. Se há redistribuição de riqueza porque não haver redistribuição sexual? O Estado devia oferecer as gajas(os) dos mais charmosos(as) a quem passa fomeca. Se se culpam os ricos pela existência de pobreza porque não culpar os garanhões pela existência de tótós carentes? Da mais elementar justiça (social, claro está)!

Obra-prima

Depois da Beatlemania...


Obama, pá! Se não tiveres sorte nas eleições americanas já sabes que podes contar connosco europeus. Estamos doidos para que sejas o nosso presidente. Estamos convencidos.

21 outubro 2008

Deve ser por causa das políticas ultra-neo-liberais por cá praticadas

20 outubro 2008

Gelo fino


Sinto o pulso por essa blogoesfera e lê-se muita gente convencida que os governos europeus andaram simplesmente a salvar a banca. A ideia muito fácil de passar num ambiente social que não gosta nada dos bancos. Mas parece-me que os governos tentaram antes salvar a nossa pele (e a deles) de uma derrocada que esteve(?) eminente. Vamos lá ver se conseguiram evitar o pior.

Leitura recomendada do dia

Apesar de não concordar com alguns pontos, recomendo vivamente a leitura da posta "As Rainhas" do alf na outramargem.

18 outubro 2008

Saraivada


Está um dilúvio lá fora. Não deve ser do aquecimento global. Está fresquinho.

16 outubro 2008

Coitadiiiiiinhos


"Metade dos jovens têm poucos conhecimentos sobre locais onde podem adquirir contraceptivos"
(in Público)

Já para arranjar brocas parece não haver tantas dificuldades.

Engraçado que demonstrem menos dificuldade em encontrar um produto de venda proibida que um que se vende em supermercados e farmácias. Mais um exemplo de nacional-coitadismo disfarçado de preocupação social.

15 outubro 2008

Leitura recomendada do dia

"individualismo" de ruialbuquerque no'O Insurgente

«Nenhum outro organismo social existe verdadeiramente. A sociedade não é um organismo. Não tem vontade própria. Nem tem interesse próprio, que não sejam aqueles que são comuns aos seres humanos: o direito à vida, a liberdade e a propriedade. Tudo o mais não passa de uma falácia inventada para legitimar a soberania e as decisões de quem governa, invariavelmente contra o interesse individual, ou seja, contra os verdadeiros interesses dos cidadãos que compõem uma sociedade.»

Défices que agora não são para aqui chamados

(imagem roubada daqui)
Não esquecer o défice tarifário. Acrescentar mais 0,6% do PIB para este ano, ó faxavor.

Hoje é dia de acção


Querem acabar com a pobreza no mundo? Acabem com a porra dos subsídios à agricultura. Redistribuição de riqueza global!

14 outubro 2008

Constatações


Em países com pouca cultura de mercado, uma bolsa parece um casino. Numa cultura secular, o fenómeno religioso parece feitiçaria. Num país com pouca cultura musical, ler uma pauta é um prodígio. Num país com pouca cultura científica, todos os anos se fica a olhar para o céu à espera que Marte fique do tamanho da Lua. Etc, etc, etc....

A insustentável leveza da moeda


Esta crise trouxe à luz do dia uma realidade assustadora com que (muito) poucos se preocuparam até agora (eu inclusive, claro). As actuais medidas de emergência irão aplacar o pânico no mundo financeiro - com todas as vantagens que isso traz - mas não resolvem o problema. Antes pelo contrário. Estas medidas parecem ignorar que há um desequilíbrio a ser corrigido. O mercado fá-lo-ia à bruta. Os Estados consegui-lo-ão sequer resolver? Findos os trovões, vão passar a achar que a tempestade já lá vai e manter o dinheiro consumo artificialmente barato e abundante? Ao contrário do que sugere o sentimento que já se vai sentindo por aí, nem os Estados nem os Bancos Centrais são omnipotentes e também eles podem sucumbir... impotentes. Se adiarem a resolução do verdadeiro problema este poderá ser too big to be solved.

Pérolas da SIC


Nos últimos dois dias detectei dois erros de tradução no noticiário da SIC que mostram bem o grau de iliteracia económica e financeira de quem está encarregue das legendas naquela estação.

- "FED" foi traduzido por "FBI"
- "Equity" foi traduzido por "Equidade"

13 outubro 2008

Hoje nasceu o neo-keynesianismo


Crise financeira + Nobel(Krugman) = Neo-keynesianismo

c.q.d.


A ler: "O equilíbrio como uma forma de desequilíbrio" no Elasticidade


PS: Como poderão constatar lendo a caixa de comentários, este vosso servo perdeu uma boa oportunidade para estar calado uma vez que escreveu sobre algo que não domina. Agradeço, portanto, aos ilustres comentadores a contribuição dada.

10 outubro 2008

Nunca estão contentes!....


O preço do petróleo a descer e põe-me esta fotografia a acompanhar a notícia?

Rapaziada! Se calhar iamos todos para casa e voltávamos quando estivessemos mais racionais

Leitura recomendada do dia

As duas últimas postas do Falex n'A Destreza das Dúvidas

«Enquanto a alta e a baixa finança forem vistas como arte ou magia, as crises financeiras vão continuar a ser percebidas como expressão da decadência do único regime em que podem ser fonte de bem-estar para o príncipe e para o povo.»

Humor negro


(recebido por e-mail)

09 outubro 2008

Ah! Pois


"Novo partido quer lista só de mulheres para as eleições europeias"
(in Público)

Parece que o partido "Movimento Mérito e Sociedade" resolveu constituir uma lista de candidatos com base num primeiro critério que exclui pessoas com base no seu sexo. A coerência teve hoje um dia triste.

Também sou gordófobo

No outro dia ouvi uma rábula cómica na SIC Radical (daquelas meio a sério meio a brincar) em que se sugeria que quem não gosta de paradas gay é homofóbico. Piada aparte, este é o fio de pensamento de muito progressista por aí. Seguindo a mesma linha de raciocínio concluiria que sou gordófobo. Espero que os gordos não se lembrem agora de vir para a rua clamar o seu orgulho. Por favor.

O povo e a bolha


Como se sabe, a actual crise económica foi desencadeada, entre outros factores, por uma bolha especulativa, mais concretamente no sector imobiliário. Os media e líderes de opinião fazem passar a ideia que uns quantos malandros das bolsas foram os responsáveis por esta fé infundada na subida contínua e infinita do valor dos activos imobiliários. E nós, que não tivemos nada que ver com isso, é que pagamos as favas. Acredito, no entanto, que não tenha sido bem assim.

Lembro-me de nas conversas com o talhante, o colega de trabalho, o familiar se invocarem persistentemente duas razões para comprar casa em vez de arrendar:
- "Passas a ter uma coisa tua"
- "Se comprares sempre estás a investir em algo que valoriza"

Estes eram os argumentos "populares" mais frequentes. Se a primeira razão é verdadeira (embora discutível enquanto argumento financeiro para a tomada de decisão), já o segundo argumento revelou-se ser falso. Este espírito especulativo andava afinal na boca de toda a gente e contribuiu decisivamente na decisão de compra de casa (e respectivo endividamento) de milhões de pessoas. Convém não esquecer.

Ainda não me tinha lembrado deste detalhe

«Concorrência só pode investigar 0,13 euros»
(in Correio da Manhã)

O título correcto seria "Concorrência só tem 13 cêntimos para investigar". É que as petrolíferas só são responsáveis por cerca de 10-15 cêntimos no preço final da gasolina.

«As únicas componentes do preço sobre as quais a Autoridade da Concorrência (AdC) "se pode debruçar" são "a logística e o retalho", que representam 13 cêntimos no preço do litro de combustível, afirmou ontem o presidente da Autoridade da Concorrência. Manuel Sebastião respondeu a questões dos deputados da Comissão Parlamentar de Assuntos Económicos e concretizou que as componentes que irá analisar mais detalhadamente correspondem apenas a cerca de oito por cento do preço total dos combustíveis. As restantes componentes não estão sob a alçada da AdC, ou seja, os impostos sobre os combustíveis (de decisão governamental) e os preços ditados pelos mercados internacionais para o petróleo e para os produtos refinados (gasolina e gasóleo, entre outros). Em termos globais, a AdC quer perceber quais as vantagens para o consumidor de uma separação entre o transporte e o armazenamento dos combustíveis.»

08 outubro 2008

A liberdade incomoda muita gente


Recentemente levantou-se novamente a questão dos malefícios dos blogues e o facto do anonimato sob o qual alguns bloggers se refugiam ser pernicioso.

Quem acha que os blogues são maus e perigosos das duas uma: ou não lê blogues ou sente-se desautorizado por eles. Basta dar uma olhadela no ranking dos blogues portugueses mais lidos para se verificar que na sua esmagadora maioria são blogues bem escritos, bem desenhados e são representativos dos mais diversos quadrantes ideológicos e dedicados a outros temas que não a política.

Quanto ao anonimato, essa questão já me toca directamente, pois traz consigo a insinuação de cobardia. Em primeiro lugar acho a questão do anonimato perfeitamente relevante pois a maioria dos bloggers que se identifica pelo seu(?) próprio nome poderia lá ter escrito outra coisa qualquer pois não os conheço. Em segundo lugar, o nome do autor não é aquilo que me leva a lê-lo. São os textos e o seu conteúdo que me interessam a mim e à maioria dos bloggers. Os leitores sabem (por mais a elitese recuse a aceitar) distinguir o trigo do joio. Em terceiro lugar, a questão do anonimato poder infectar a opinião pública não é sustentada pelos factos. Uma olhadela pelos rankings revela que no top 50 dos blogues mais lidos não há praticamente blogues anónimos sendo que nos blogues de opinião eles quase não existem. Em quarto lugar, o anonimato permite que o que se escreve nesse blogue seja julgado pelo conteúdo e não pela imagem que o nome nos possa trazer à mente.

Adenda: este mesmo blogue anónimo, só é lido quando se escreve alguma coisa de jeito, o que só muito raramente acontece. O resto do tempo anda meio às moscas. Os comentadores profissionais pode ir descansados que aqui raramente vos conseguiremos roubar quota de mercado.

Apagar o incêndio com carvão


As instituições financeiras deparam-se com uma enorme falta de liquidez e falta de confiança devido a problemas decorrentes do sobreendividamento nas economias ocidentais. Vamos resolver o problema incentivando a poupança? Não! Vamos dar condições para que voltemos à situação anterior à crise.

"Espanha aprovou ontem fundo anticrise de 30 mil milhões de euros para a banca"

"Presidente da FED sugere corte nas taxas de juro no final do mês"

Estamos bem com estes reguladores iluminados.

07 outubro 2008

Leitura recomendada do dia

"Outra vez o casamento gay" d'O-Lidador no Fiel Inimigo.

«Também não gosto de ver uma pessoa com um furúnculo no nariz. Não gosto e pronto, viro a cara e olho para coisas bonitas. Mas se a pessoa insiste em vir meter-me o furúnculo à frente dos olhos, e exige o meu respeito pelo furúnculo, e esfrega-o no furúnculo de outro tipo em público e diz que tem orgulho e quer que o estado reconheça e dignidade do furúnculo, a situação torna-se irritante. É isto que se está a passar. Há quem pense que os outros devem submeter-se à sua visão da homossexualidade como um sinal de “modernidade”, de “progressismo”.
É uma guerra cultural que tem de ser rechaçada.
[...]
Quanto à “discriminação do casamento”, a argumentação não me convence. Até porque a malta que agora exige o “casamento gay”, é exactamente a mesma que tende a desvalorizar o casamento tradicional. Porque razão pretende esta gente estender aos homossexuais um estatuto que tanto critica, trazendo o Estado para o interior de uma relação que o não necessita, é algo que me faz torcer o nariz.»

A limpeza começou?

"Câmara retira cartaz do PNR para «cumprir» o seu dever"
(in TSF)

Se também mandaram retirar os restantes cartazes de Entrecampos, aplaudo. Se não, é só fascismo encapotado de anti-fascismo. Todos devem ter o direito de exprimir a sua estupidez de forma pacífica e em pé de igualdade.

Boa arte


Days With my Father de Phillip Toledano
(via: Amnésia)

Brutalmente recomendável.

06 outubro 2008

Leitura recomendada do dia

"Newsletter de acompanhamento dos mercados de combustíveis líquidos e do gás engarrafado" da Autoridade da Concorrência. Em especial o capítulo 4.

Relações espúrias

Há já alguns dias tenho comentado as postas do JCS, no Lobi, acerca da relação entre os casos de violência (extrema) nas escolas e os jogos de computador. JCS acha que os jogos de computador ditos violentos têm uma contribuição relevante no fenómeno. Aceita existir um conjunto de outras variáveis relevantes mas insiste que os jogos de carácter violento têm uma quota parte de responsabilidade que "apesar de tudo, parece existir relação entre jogos violentos e massacres nas escolas".

O JCS não justifica a sua afirmação com dados. Apenas com senso comum. Eu também não tenho dados, mas o meu senso comum acha que os jogos de computador são apenas um bode expiatório desta sociedade pós-moderna. O meu senso comum acha que a existência e proliferação de jogos de "tiro neles" é apenas um fenómeno independente mas paralelo ao fenómeno dos assassinatos em escolas. O que acontece é que ambos existem e crescem e é apenas isso que os "une". Mas isto é o meu senso comum. Como não tenho dados para justificar a minha afirmação, esta minha opinião vale tanto como a do JCS.

Mas, o meu senso técnico, sabe que exite o fenómeno das correlações espúrias: o facto de o acontecimento A estar fortemente correlacionado com acontecimento B não implica necessáriamente que A cause B ou vice-versa. Quando não existem fortes e diversas evidências de um mecanismo de causa-efeito, é necessário ter cautela quando se trata de tirar conclusões. Dois exemplos:

1- A evolução do número de utilizadores da internet em Portugal e o volume das exportações portuguesas entre 2000 e 2006. (Dados: INE)



O coeficiente de correlação é de 0,95. Poderíamos concluir que as exportações geram mais ligações à internet? ou que as ligações à internet são geradoras de exportações? Se calhar, nenhuma das duas. Espero que a estratégia Magalhães não tenha partido do princípio que a proliferação de acessos à internet iria fazer crescer as exportações.

2- A taxa de abstenção nas penúltimas eleições autárquicas em diversas regiões do país e as correspondentes proporções de ocupação hoteleiras por estrangeiros (Dados: INE)


O coeficiente de correlação é de 0,8. Isto implica que as visitas de estrangeiros induzem abstenção? Ou que os turistas estrangeiros preferem locais onde as pessoas se estão marimbando para as suas democracias? Estou mais em crer que são fenómenos independentes e que apresentam forte correlação apenas por fruto do acaso.

03 outubro 2008

Magalhães: a propaganda continua


«"Vamos estabelecer um acordo com a Microsoft para disponibilizar a 'suite' de aprendizagem 'Magalhães' que é, na prática, um pacote completo de software, conteúdos, formação, serviços e suporte criados exclusivamente para o portátil 'Magalhães'", disse o secretário de Estado das Obras Públicas e Comunicações.»
(in Público)

Mais uma vez os jornais limitaram-se a reproduzir as declarações do governo e não foram investigar o que é que era isso da "suite". A única excepção ainda parece ter sido o DN que conseguiu saber que se trata do programa da Microsoft Learning Suite mas noticiou igualmente que se trata de um programa desenvolvido "exclusivamente" para o Magalhães. Este Magalhães parece ser especialmente atraente para mentiras propagandísticas apesar de a última ter sido desmascarada na blogoesfera.

Uma visita ao site do Microsoft Learning Suite bastará para constatar que nem o Magalhães nem o Classmate PC (que de diferente só têm o nome) são referidos. Aliás, suspeito que o Learning Suite já exista há algum tempo uma vez que na Irlanda ele já é instalado pelo menos desde a primeira metade de 2007 em PC's tipo workstation.

02 outubro 2008

Mãos ao ar!


Dada a recente onda de roubos a caixas multibanco, a nova imagem das caixas é um poucoxinho infeliz. Se calhar é para termos pena delas e tratá-las melhor. Ou, se calhar, até é dissuasor do crime: o assaltande chega e, perante a imagem do cartãozinho tão fofinho e indefeso, desiste do assalto e vai-se embora enquanto enxuga as lágrimas.

Ecologia tuga

(ou será ecologia "tunga"?)

Recomendo protector solar na ponta do nariz


Em comentário ao post "A voz do mercado" no bl-g--x-st- (blogue que muito prezo e leio regularmente), questionei o João Castro acerca da sua proposta do Estado aproveitar a actual situação para iniciar "investimentos de curto prazo". O fio da argumentação de João Castro baseia-se na constatação de que as baixíssimas taxas oferecidas pela dívida pública e dos elevados spreads oferecidos em empréstimos bancários reflectirem que "os investidores estão dispostos a financiar projectos estatais, mas não privados". Sugere depois que "os Estados deveriam anunciar o lançamento urgente de iniciativas de investimento a curto prazo, com impacto, por exemplo, em instalações e equipamentos dos sistemas de saúde e educação". A minha pergunta é muito simples: "E esses "investimentos de curto prazo" têm retorno?"

A esta questão João Castro parece não querer responder. Primeiro pergunta-me o que entendo por retorno e depois faz o enigmático comentário "Na sua óptica, tapar os buracos do telhado da escola produz retorno? Se não está a ver, não sei que lhe diga." Eu acho que fui claro quando perguntei que retorno (no sentido de fluxo financeiro) poderá alguém esperar, no curto prazo, quando investe em "equipamentos de saúde e educação". Até agora, silêncio absoluto.

Devo confessar que esta atitude me irrita um bocado. Já me tinha acontecido com o Fernando Alexandre d'A Destreza das Dúvidas, outro blogue que acho imprescindível. Parece que para estes senhores, estas perguntas, tão simples, vindas da plebe só demonstram que esta é tão estúpida que nem vale a pena dar-lhes resposta. Eles nunca irão entender. O Olimpo é só para alguns. E se chatearem muito respondemos-lhes com um link para uma lista de artigos científicos intragáveis que é para eles verem que isto não é para qualquer um.

Lá me voltei a irritar com as elites. Estou cada vez mais populista.

01 outubro 2008

Snow keeps falling on my head


Parece que cai neve em Marte.

Homo-dialética


Na actual situação de turbulência financeira, já clamam os cruzados da moral anti-capitalista pela submissão do Homo economicus ao Homo politicus. "Sujeição do poder económico ao poder democrático", dizem eles. Percebo que, na ânsia de controlo de todos os aspectos da vida social e individual, a existência de um Homo Economicus que não pode ser deposto em eleições ou por qualquer outro "dispositivo" democrático seja angustiante. Acontece que o Homo Economicus é um gajo populista enquanto que o Homo Politicus é um elitista. Já sabem que eu sou um populista.

Ambos têm defeitos morais: o Homo Economicus vive na ânsia do lucro, o Homo Politicus vive na ânsia do poder. Ambos anseiam ser monopolistas - um dos lucros outro do poder (económico incluído). Nessa ânsia, ambos degladiam-se para se controlarem mutuamente.

Há no entanto umas diferenças assinaláveis:
a) O Homo Politicus tem de competir de 4 em 4 anos (a não ser que a maioria seja fraca). O Homo Economicus compete todos os dias;
b) O Homo Economicus tem de arranjar dinheiro do seu bolso ou convencer outros a emprestarem-lho e por isso tem de ter muito cuidado onde gasta o dinheiro. O Homo Politicus gasta dinheiro que não é seu e que é extorquido aos contribuintes (também há a Dívida Pública mas essa não é mais do quem um imposto adiado).
c) O Homo Economicus tende a ser responsabilizado pelas suas más decisões económicas (o Homo Politicus adora gritar quando isto não acontece e convencer a população que o Homo Economicus é um aldrabão que se "enche" sempre, mesmo quando as coisas correm mal). O Homo Politicus será, no máximo, responsabilizado politicamente pelas suas más decisões económicas.

Em ambos os casos, as más decisões podem trazer consequências nefastas a terceiros que não tiveram qualquer responsabilidade nelas.