31 agosto 2007

Eu pensava que só os jornalistas é que metiam calinadas destas


O João Miranda afirma no Blasfémias que:

«2. Porque as eólicas (energia renovável e limpa) precisam de reservatórios próximos para armazenar energia;»

Perplexos com a afirmação, eu e outros leitores, perguntámos ao JM o que é que ele quis dizer com isto. Vai daí respondeu

«E energia eólica para ser aproveitada tem que ser combinada com uma barragem. Se não existir uma barragem por perto, quando o consumo é baixo a energia eólica seria desperdiçada. Assim é usada para turbinar água para montante. á gua essa que depois pode ser usada para produzir energia eléctrica.»

Uma vez que, pelos vistos, percebo mais do assunto que o João Miranda, passo a explicar. Como a electricidade "nacional" não é um bem directamente armazenável, a todo o momento a oferta tem de ser igual à procura. A entidade gestora do sistema, a REN, encarrega-se de mandar ligar e desligar centrais consoante as necessidades do momento e seguindo o princípio dos custos marginais crescentes sujeita, como é óbvio, a restrições técnicas estruturais ou fortuitas. Quando a procura desce, por exemplo durante a noite, as centrais com custos marginais mais altos recebem ordem para sair do sistema e permanecem as de custos marginais mais baixos. Pelo facto de a lei obrigar a que toda a energia eléctrica de origem eólica seja absorvida pela rede e de a quantidade de vento não ser controlável, o excesso de oferta pode pôr alguns problemas. Mas há várias formas de resolver esse problema, ao contrário do que o JM sugere. Entre essas soluções a mais comum é desligar centrais, exportar ou regulá-las de forma a que a oferta iguale a procura (usualmente isso acontece com as hídricas).

O que o JM refere de uma forma muito confusa é que algumas barragens têm a capacidade rde inverter o seu funcionamento "chupando" água a jusante e transferindo-a para montante aumentando a quantidade de água armazenada e que na prática corresponde a um armazenamento indirecto de electricidade - chama-se a este processo 'Bombagem'. Isso acontece, de facto, mas não tem nada a ver, na sua essência, com a existência de centrais eólicas. Já existia muito antes da energia eólica surgir no nosso país. A bombagem surgiu numa lógica de aproveitamento de recursos escassos como é a água disponível para produção de electricidade. O que acontece é que, durante a noite, o parque produtor de energia eléctrica está bastante disponível e com custos marginais mais baixos que durante o dia. Como a água tem sempre um custo marginal relativamente alto, em especial no Verão, torna-se interessante fazer bombagem durante a noite utilizando para isso energia eléctrica. Essa mesma água é reaproveitada no dia seguinte para produzir electricidade em alturas de pico. A água é comprada com electricidade obtida com meios baratos (electricidade barata) e ao (re)utilizá-la evita-se a utilização de meios de produção com custos marginais mais altos. Especulação energética! Isto já se faz há muito tempo e em muitos países, com ou sem energia eólica. Mas como o preço da energia eólica é fixo e alto, não há vantagens económicas em aproveitar essa energia. Sendo a rede obrigada por lei a absorver toda a energia de origem eólica, em caso de "excesso" o operador terá de mandar desligar outros grupos geradores o que acarreta custos. Só na hipótese de os custos de retirada de grupos ser superior ao do aproveitamento da energia eólica é que poderá haver vantagem em recorrer à bombagem.

A afirmação de que «Se não existir uma barragem por perto, quando o consumo é baixo a energia eólica seria desperdiçada» não está correcta. A proximidade, desde que não haja constrangimentos de maior ao nível das redes, é absolutamente irrelevante. Como o nome indica, o sistema funciona em REDE.

Se estivermos a falar numa perspectiva de muito longo prazo, a afirmação do JM já poderá fazer algum sentido pois se a energia eólica começar a crescer de maneira "descontrolada" e desajustada da procura, ter-se-á que arranjar forma de aproveitar a energia excedente.
Como já referi aqui, esse problema pode ser tão mais grave quando se sabe à partida que a produção eólica tem tendência para ser superior durante a noite relativamente ao dia.

A irracionalidade do mercado II

Um mercado é um fenómeno de massas onde ninguém é obrigado por ninguém a actuar segundo os padrões da racionalidade. A escassez de informação leva a que esta seja muito preciosa e muito apetecida por quem não a tem. Obter uma informação com minutos de antecedência face à "concorrência" pode representar ganhos muito significativos. Por isso os agentes estão também muito atentos uns aos outros procurando descortinar se alguém já estará na posse de informação relevante. E isso pode ser lido de muitas maneiras, principalmente através das ordens de compra e venda. Acontece que em alturas de maior nervosismo um movimento, que noutros contextos seria banal, pode despoletar o "pânico" ou um efeito de bola de neve. Atenção que não isto não implica crashes (situações mais focadas nos media e que despertam maior interesse na opinião pública) mas também booms. Em muitos casos, não passam de falsos alarmes e a situação retoma a normalidade passados uns dias uma vez que os receios se tornam infundados.

Isto para dizer que os agentes participantes nos mercados de títulos não olham apenas para as empresas subjacentes às acções mas para os movimentos dos outros participantes. Os agentes que se estão borrifando para as empresas representadas são denominados de especuladores: apenas tentam adivinhar para onde é que o mercado vai. Todo o investidor tem um especulador dentro de si: uns mais, outros menos. É sobre este lado especulador - que é relevante - que as FInanças Comportamentais se debruçam.

Normalmente o investidor-especulador está mais interessado no curto prazo, ao passo que o investidor-investidor preocupa-se com o longo prazo porque, ruído aparte, o mercado acaba sempre por ter razão. Podes enganar um milhão uma vez mas nunca o tempo todo.

A irracionalidade do mercado


O alf recomendou-me este texto que fala de Finanças Comportamentais. Básicamente esta "disciplina" trata do lado psicológico e sociológico inerente ao comportamento aos mercados financeiros. Como tal, assume que os mercados não são, como tradicionalmente se assume, exclusivamente guiados pela racionalidade que o torna eficiente. O texto fala de um estudo realizado com títulos, transacionados nos mercados norte-americanos, e recomendados num programa de televisão. Constatou-se que o programa produziu efeitos de curto prazo mas ao fim de duas semanas os preços retomavam os níveis anteriores. Este é o mote para discutir a racionalidade dos mercados que se assumem, classicamente, como o supra-sumo da racionalidade.

Confesso que a constatação do estudo me surpreendeu uma vez que tenho a ideia de que os mercados nos EUA estão muito atomizados, e que o número de financeiros profissionais é também elevado. Isto implica que a informação relevante para a formação dos títulos é sujeita a um escrutínio muito apertado. O acerto entre os milhões de agentes envolvidos, produzem à partida preços equilibrados. A explicação que encontro prende-se com o facto de nos EUA um número significativo de investidores serem cidadãos comuns e que não fazem do mercado a sua vida. Em vez de fazerem um depósito a prazo ou comprarem certificados de aforro, investem em carteiras de títulos. Por serem cidadãos comuns estejam menos preparados para lerem a informação que lhes chega e por serem muitos conseguirem influenciar a trajectória dos preços.

Mas a que deverá corresponder o preço de um título? Uma acção representa uma (ínfima parcela) do valor de uma empresa da qual o accionista é proporcionalmente detentor. O valor facial da acção representa um valor contabilístico: se uma empresa dispersar todo o seu capital em bolsa, o somatório dos valores faciais corresponde necessáriamente ao valor contabilístico do Capital Próprio - o Capital Próprio corresponde, por sua vez, ao valor do total dos activos deduzido das obrigações contraídas pela empresa face a terceiros (dívidas a bancos, fornecedores, etc...). Depois existe o valor a que as acções é transaccionada e que, salvo muito raras excepções, é sempre mais elevado que o valor contabilístico. Porquê? Porque o investidor não está apenas interessado no valor contabilístico dos bens e pessoas associados às empresas de que é co-proprietário. O que interessa ao investidor é a capacidade de gerar lucro que a empresa tem. E gerar lucro até ao fim da sua actividade. Logo aqui já temos duas fontes de subjectividade: a avaliação da capacidade de gerar lucro no presente e a mesma capacidade no futuro. Ah! e ainda existem as perspectivas de até quando é que a empresa irá existir.

Para se formar um preço, os agentes têm de assumir cenários e modelos que se ajustem o melhor possível à realidade. Para tal é necessário consumir a maior quantidade e qualidade de informação possível. Cada um formará a sua noção de "preço certo" (preço a partir do qual acha que vale a pena vender/comprar) e tentará aproveitar o mercado para se desfazer das acções que, no seu juízo, estejam sobrevalorizadas e comprar as que ache que estão subvalorizadas. Porque o investidor está convencido que, mais tarde ou mais cedo, os restantes agentes irão concordar com ele e o preço será aquele que ele acha. Só que à velocidade a que o mundo e os mercados andam hoje em dia, as noções de "preço certo" de cada um dos agentes modifica-se à velocidade a que nova informação relevante aflui. Esta é a parte racional do mercado.

30 agosto 2007

Leitura obrigatória! Coerciva até...

Este texto no Lobi do Chá. O JCS às vezes tem uns rasgos de genialidade que tornam recomendável visitar regularmente à chafarica dele.

29 agosto 2007

Acho que já te vi em algum lado...

Agora que reparo, tenho a ideia de ter visto este bacano e mais uns coleguinhas por uma conferência da Shell adentro. Para confirmar, tentei encontrar o currículo do Gualter Batista na web mas não consegui. Também tentei encontrar o filme dessa invasão pois também estavam munidos da sua câmara Sony último modelo, para mais tarde recordar. Estava-se em 2000 e pouco. Na conferência falavam-se dos cenários energéticos de longo prazo e das alternativas não-fósseis em que a Shell estará a apostar. Mas isso não chegava. Eles tinham de desmascarar a Shell que anda a destruir o Delta do Nilo e outras ignomínias. Gualter e dois companheiros participaram como espectadores normais e, a meio da conferência, entrou de rompante pela sala envergando cartazes e narizes de Pinóquio. Sem pedir licença, foram para o palco botar discurso e distribuir folhetos propagandísticos. Não ficaram para ouvir o resto da conferência. Diz que não precisavam; que sabiam ler.

PS: Cá está o currículo! Pobrezinho mas já é alguma coisa. Gostava de saber mais acerca do currículo activista.

28 agosto 2007

De certeza que é culpa desta menina

Civis têm três quartos das armas em todo o mundo
(in Público)
Lá em casa tenho três destas. Armadas até aos peitos.

27 agosto 2007

O nascimento de um mercado

24 agosto 2007

Desgraças a la carte

O jcd chama a atenção para a publicação de dois estudos relativos às consequências do aquecimento global no Atlântico Norte. Já o Range-o-Dente tinha alertado para a profusão de estudos apocalípticos ligados às alterações climáticas. Não sei se noutros ramos das Ciências Naturais isto é normal ou admissível. Global Warming Sells. Desde que envolva sangue.

23 agosto 2007

Posta possível

Pulso direito inutilizado e enfiado num saco de gelo. Hoje estou tão produtivo como um funcionário público sócio benfiquista numa tarde de derby. O que vale é que a minha ambidestria dá para desenrascar com o rato. No teclado é que não me vale de muito.

Hoje só consigo recomendar duas leituras sobree o mesmo tema: o eco-vandalismo.

- Crónica do RAP na Visão.
- Longo comentário do Tiago no blogue de Miguel Portas.

Duas perspectivas via Kontratempos. Ao primeiro não há nada a acrescentar - simplesmente genial. Quanto ao segundo, se estiver capaz e com paciência ainda gostaria de comentar alguns pontos.

22 agosto 2007

Mais garantias

Garantias de ineficácia

Helicópteros do Estado só podem voar a partir de Novembro
(in Público)

Pois que, para o "bem comum", é necessário garantir muitas garantias. E para que tudo corra bem existem 117 ministérios, secretarias de estado e direcções-gerais a zelar pelo cumprimento de todas as 1275 normas emanadas pela Rap-pública Portuguesa por recomendação de Bruxelas (toujours les bélges!). Para que tudo corra pelo melhor.
Não queremos que o piloto bata com a testa quando entra no aparelho, pois não? Nem que o nível de ruído perturbe a nidificação da cotovia-de-bico-amarelado, não é?

Mas que raio! É Agosto!!! A máquina burocrática organização zeladora de garantias tem o direito - consagrado na constituição, lei, decreto-lei e portaria - ao descanso. Tivessem tratado disso antes de 31 de Julho às 16h, ora essa!

PS: Lá está! Os malucos dos americanos, por exemplo, saltam estes sensatos procedimentos e depois admiram-se que os seus soldados se aleijem.

21 agosto 2007

Artigo em destaque

Este artigo de George Reisman no Mises.org que explica e opina sobre a mais recente crise financeira.

«The genesis of the present problem goes back to the bursting of the stock-market bubble in the early years of this decade. In an effort to avoid its deflationary consequences, the bursting of the stock market bubble was followed by successive Federal Reserve cuts in interest rates, all the way down to little more than 1 percent by the end of 2003.»

«Oblivious to the essential role of credit expansion and of the government’s role in the existence of credit expansion, the politicians and the media are already attempting to blame the present debacle on whatever aspects of economic and financial activity still remain free of the government’s control.»

Francesco Zappa alerta para os perigos da vida de esquimó

Don't Eat the Yellow Snow - Frank Zappa, de um dos seus milhares de ábuns...

Fui ver

Ratatouille da Pixar. Filme de bom nível e que não excede as expectativas criadas nos trailers ressalvando a banda sonora, que merece destaque. Mas o que mais surpreendeu foi a curta metragem que antecedeu o filme: Lifted. Fica aqui o link, mas sugiro que vejam sem terem ideia do que se trata. Mas o que gostei mesmo, e para minha surpresa, foi o genérico final. Não me lembro de ter disfrutado tanto a ver um desenho animado como nessa ocasião. A ver num ecrã de cinema e sem problemas de ser o último a sair da sala. Simplesmente delicioso!

Males maiores, argumentos menores. Fraquinhos mesmo

(foto roubada daqui)
Verde Eufémia diz que ceifa de milho OGM quis “evitar um mal maior”
(in Público)

Esta conversa pseudo-jurídica é muito conveniente quando se trata de tentar varrer para debaixo do tapete. Só que o argumento só vale quando não existem outras alternativas. Neste caso, tratava-se de exprimir uma opinião de carácter ideológico, político, ambiental ou que lhe queiram chamar. O argumento só legitimaria a destruição da plantação se os manifestantes não tivessem outra forma de exprimir o seu ponto de vista. Não me parece que fosse esse o caso.
Se se tratava de nos "salvar" do milho transgénico então, pela mesma lógica os manifestantes não se importariam de me deixar queimar uns telemóveis e até, porque não, umas bruxas más ou uns militantes de extrema-esquerda ou extrema-direita (só diferem na moda mesmo...) para que se "evite um mal maior".

20 agosto 2007

Os relatórios são mesmo chatos de ler


A semana passada foi referido nos media um relatório (na realidade são 2) da Direcção Geral de Saúde relativamento ao efeito dos campos electro-magnéticos (CEM) na saúde humana. A avaliar pela generalidade dos títulos encontrados na imprensa tudo parece indicar que o relatório aponta para a existência de riscos. Exemplos:

- "Estudos sugerem precaução na exposição a campos electromagnéticos" no Público com um tímido sub-título "Relação causa e efeito nunca foi provada";
- "DGS confirma risco de doença por exposição a campos electromagnéticos" na Exame Informática e copiado pelo IPJornal;

Curiosamente as duas fontes provêem de empresas do grupo Sonae, onde já se conhece o peso do lobby ambiental.

Ora se o caro leitor se der ao trabalho de ler os referidos relatórios talvez fique surpreendido que este é categórico quanto à inexistência de evidência que responsabilize as radiações electromagnéticas com doenças. Leia-se aqui:
- Fala-se dos perigos causados pelos eventuais efeitos térmicos dos CEM no corpo humano, salientando que os olhos, por não disporem do sistema de regulação da temperatura do resto do corpo, são propensos a cataratas por essa via. Mas diz-se também que «Não há evidência que este efeito cataratogénico ocorra perante os níveis de radiação [...] a que a população em geral está exposta». Págs 22-23. Donde se pode concluir que, se a parte mais indefesa aos efeitos térmicos não apresenta riscos, o resto do corpo ainda menos.
- A influência das antenas de telemóveis é muito reduzida já que «A potência emitida por uma antena de uma estação de base é reduzida [...] de tal forma que, a uma distância de alguns metros os níveis de exposição são inferiores a uma percentagem razoavelmente significativa dos limites de exposição ao público». Pág 24
-Quanto a efeitos sobre o sistema nervoso diz-se que «dada a evidência de este efeito só ocorrer para campos de modulação de amplitude (AM), o que não se enquadra nas características da tecnologia das comunicações móveis». Pág 25; diz-se também que «não foi estabelecida qualquer evidência científica que permita estabelecer uma relação causal entre estes sistemas e a exposição [...] com os episódios de depressão, suicídio ou perturbações do humor» bem como «não estando demonstrado que [...] promovam a actividade epiléptica no organismo humano, nos níveis de intensidade aqui considerados.» Pág 26
- No que toca à gravidez também não há efeitos nefastos comprovados. Pág 26
- Efeitos cancerígenos: «...improvável que este tipo de radiações promova a formação de tumores». Pág 27
- Nem efeitos na produção de melatonina... Pág. 27
- Também se nega a existência de hipersensibilidade aos CEM de natureza fraca uma vez que «os testes laboratoriais realizados nessas situações não comprovaram uma relação causal.» Pág. 28

No relatório gémeo mas mais orientado para as antenas e aparelhos de telecomunicações pode ler-se nas conclusões: «... os níveis de exposição do público às radiações provenientes da instalação de estações de base são muito inferiores aos níveis de referência...» e «Face aos conhecimentos científicos actuais e aos resultados de inúmeros estudos epidemiológicos desenvolvidos até ao momento, não existe perigo para a saúde das populações (incluindo sub-grupos com maior vulnerabilidade, como idosos, grávidas e crianças)». Ponto 7-Conclusões

Perante estes excertos pergunto-me como é que se teve a habilidade de insinuar que o relatório confirmava os perigos da radiação emitida pelas antenas de telecomunicações e cabos de alta tensão. Os jornalistas parecem bem empenahdos em não deixar morrer os mitos urbanos, em especial os mais politico-ambientalmente correctos.

Tudo bem que a DGS se propõe a apoiar e aprofundar os estudos no que toca a esta problemática, mas já se saeb que se não houvesse problemáticas haveria muita gente sem nada que fazer. Como é um assunto da moda e 99,9% da população não tem preparação científica para a discutir e 100% nunca viu nenhum CEM, os responsáveis estão à vontade para levantar a problemática que quiserem.

Eu até propunha que, com base na evidência de que alguns trabalhadores dos altos fornos da Siderugia Nacional tiveram queimaduras e apresentaram sintomas de desidratação, se continuassem a realizar esforços para que se estudem os efeitos dos bicos de gás na saúde humana.

Adenda: Já me esquecia! Os sublinhados são meus

Não aconteceu mas podia ter acontecido

Elvas: GNR controla tráfico de droga no Freedom Festival
(in Portugal Diário)

GNR: O sr. está preso! Os seus 5 Kg de marijuana excedem as 10 doses diárias estabelecidas na lei
Charrado: Tudo bem sr. guarda! Mas ao menos deixe-me acabar de a fumar.

17 agosto 2007

Estação das tontices

Não sei como é que há gente chateada com a silly season nos media hoje em dia. Eu nem dou pela diferença.

Jogos de computador: arte ou vício?

Desde que me conheço que os jovens (e menos jovens) que se dedicam "demasiado" aos jogos de computador são facilmente vistos de forma negativa. Ainda não enendi muito bem a fonte deste preconceito. Há sempre uma capa de reprovação moral quando toca aos video-jogos. No entanto, se pensarmos bem, um miúdo que dedique 12 horas por dia a tocar piano, a jogar xadrez ou a ler Shakespeare mais difícilmente é rotulado de viciado ou portador de deficiência. Os inconvenientes associados à praticar excessivamente qualquer uma destas actividades - perda de capacidades sociais, perda de visão, alienação, problemas de coluna, adormecer e acordar a pensar no mesmo, esquecer-se das refeições, desleixo académico - não são muito diferentes. Porque é que tão difícil encarar o videojogo como uma forma de arte? Porque é muito comum? Mas então porque é que o futebol não tem esse estigma (muito menos quando é bem remunerado)? Porque os pais não percebem nada do assunto? Mas, geralmente, os pais também não percebem nada de tocar música... Será por conter violência? Muitos romances e livros de poesia não são propriamente jardins de meiguice. Por ser algo muito fácil? Experimente lá acabar o Tomb Raider ou terminar um torneio de GP3 em primeiro lugar!...

Uma fétida brisa a PREC

O jornal Público noticia que uns ambientalistas muito empedernidos destruiram um hectare de cultura de milho transgénico e tiveram de ser expulsos pela GNR. O "protesto" não teve conivência do produtor de milho pelo que se pode dizer que se tratou de um acto de vandalismo em nome de "uma boa causa". A seguir foram para a aldeia mais próxima fazer uma acção de sensibilização. Um aldeão comentou: "Nem sabem defender uma causa porque vêm para aqui fumar e com telemóveis". Meu caro, responda na mesma moeda: game-lhes as mortalhas e os Detroits e parta-lhes os telemóveis. Se lhe perguntarem porque o fez, diga-lhes que é contra o tabagismo e que quer proteger as pessoas das radiações nocivas. Tudo "boas causas".

É só fazer as contas

Destaque para esta posta dos Marretas. Os jornalistas reproduzem as notícias que lhes põem à frente e nem se dão ao trabalho de pensar. Até um marreta é capaz de fazer as contas...
É o que eu digo: ainda estão a ressacar dos festivais.

A sério que não percebo

Parece que tudo o que envolva aquecimento provoca logo celeuma nos media. Hoje ouvi novamente sobre o problema das antenas de teelcomunicações. Ao que parece, os riscos para a saúde humana ligados às microondas são significativos para alguns cientistas. Ainda mão há consensos no que toca aos reais malefícios do uso de telemómeis mas as autoridades - sempre amigas e dispostas a proteger-nos - à cautela, vão avisando que é melhor não arriscar.
Uma curta incursão pela Wikipedia (vale o que vale) revela que as preocupações com os telemóveis não se prendem com a radiação em si mas devido ao aquecimento que as microondas podem provocar nas células, sendo as dos olhos as que mais preocupação causam. Ou seja, a radiação em si não é cancerígena (ao contrário dos raios X ou os raios ultravioleta). O que me parece estranho é que haja tanta preocupação com os telemóveis - que na Europa funcionam com potencias em torno de 1W, enquanto que não há grande salsifré quando se fala de fornos microondas cujas potências superam muitas vezes os 1000W(!). Segundo a wikipedia, está provado que os microondas não põem em risco a saúde humana. Se alguém quiser contribuir para o esclarecimento desta criatura que vos escreve, a caixa de comentários está à disposição.

16 agosto 2007

Bem prega frei Anacleto

Temos de deixar de dar tanta importância às homilias do Francisco Anacleto Louçã!(Frei Anacleto no meio da prática de um exorcismo. "Vade retro capital!")
Em relação a esta posta do Miguel n' O Insurgente eu apenas acrescentaria, que frei Louçã é daqueles que (ainda) acredita que o enriquecimento de uns é feito à custa do empobrecimento de outros. Resultados win-win é coisa que, para ele, não existe numa economia capitalista.

13 agosto 2007

Leitura recomendada do dia

Clássicos públicos

Esta posta é uma adaptação de um comentário meu a esta posta do Tiago Mendes no Blogue Atlântico.

Na questão de rádios clássicas públicas vs. rádios clássicas privadas convém primeiro definir quais são os objectivos do serviço público, nomeadamente, na sua vertente de colmatação (a palavra existe?) de falhas do mercado. Ou seja, em que é que o mercado falha para que se justifique a existência de um canal público de música clássica?

a) Não existem "canais clássicos" privados?
b) Os que existem não contribuem para atrair ouvintes para o género clássico?
c) Os que existem não satisfazem os ouvintes mais exigentes e que gostam de autores mais "difíceis"?
d) Os que existem têm uma programação limitada, não abrangendo todos os géneros?
e) Os que existem não passam intérpretes de referência sendo desejável passar intérpretes de maior qualidade?

Quanto ao ponto a), durante muitos anos foi assim. Poder-se-á discutir se não terá sido exactamente pelo facto de a existência de um canal público não deixar espaço para outro canal.

Quanto à atracção de novos públicos, a A2 está melhor do que já foi mas não me parece que seja ainda a sua preocupação principal. Dá-me a sensação que existe uma elite que comanda directa e indirectamente (ouvintes empedernidos) a programação desta rádio e que é extremamente avessa à difusão de repertório "fácil" e que, no meu entender, tem mais potencial para atrair novo público. Eu comecei a ouvir 4 estações de Vivaldi e Carminas Buranas.

Em termos de variedade, só recentemente a A2 teve a preocupação de variar a sua grelha. Há 3 ou 4 anos, apenas se conseguia escutar música para piano e ópera. Agora (finalmente!) já se vão podendo escutar programas dedicados à música antiga e outros períodos.

Finalmente, não sei porque é que o Tiago Mendes comparou uma estação radiofónica com uma radio web? A lógica de "negócio" parece-me suficientemente distinta para não ser comparável.

12 agosto 2007

"Portugal legal" apanhado em excesso de velocidade

Testes de droga nas estradas a partir de dia 15
GNR ainda não recebeu kits de despistagem

(in SIC online)
Mais uma vez se prova que o Portugal legal anda depressa demais para o Portugal real.

10 agosto 2007

Even better than the real thing

(Fucking Hostile, Pantera do álbum Vulgar Display of Power)
Um deboche muito bem conseguido. Para ver a letra original clique aqui.

Organ²/ASLSP (As SLow aS Possible)

Imaginem uma peça musical tocada tão lentamente que demorasse 639 anos até que chegasse ao fim. Pois é! Já alguém o imaginou e alguém o decidiu pôr em prática. Trata-se de uma obra de John Cage (1912-1992) com o título Organ²/ASLSP (As SLow aS Possible) e com a indicação (as slow and softly as possible). O projecto consite em construir e manter um órgão a tocar a peça até 2640 D.C., tendo sido começada em Setembro de 2001 com o enchimento dos foles só se ouvindo o primeiro som em Fevereiro de 2003. O órgão em que a peça está a ser tocada ainda só está no início da sua contrução cujo final que se prevê para 2009. Para mais detalhes ver aqui e aqui.

09 agosto 2007

Ecologia caviar

O pasquim-visionário-do-caviar tinha hoje um artigo dedicado a um novo conceito de bicicletas urbanas: as Brampton. De salientar que em todo o artigo(!), o nome da marca se encontra mal escrito ("Branptom"). Os estagiários ainda não recuperaram do Sudoeste...
Bicicletas desdobráveis, que se podem levar com uma só mão, podem ir no combóio, no autocarro, no Porsche, no avião, no cruzeiro, eu sei lá... Um mar de vantagens!
E super-ecológico! E dá montes nas vistas! Com esta é que vamos salver o planeta!
E, segundo o único entrevistado no artigo que curiosamente é representante da marca em Portugal, o "investimento rapidamente se amortiza, dada a liberdade de podermos ir de bicicleta para todo o lado". O que são 700 EUR (mínimo) para nós?
A ideia é boa e ainda será melhor quando for vendida nos hiper-mercados a preços de gente.

Passeio bloguistico recomendado para estas férias


O blogue do Artur Gonçalves, um artista do PREC. A não perder pela sua elevação cú-ltural. Onde está hoje Artur Gonçalves? Não deixemos morrer a memória do que foram esses tempos de macacada.

Hats Off

Na divertida e altamente recomendada crónica do Ricardo Araújo Pereira (vulgo RAP) na Visão desta semana dedicada ao conflito de accionistas do BCP, o cronista começa por dizer que não percebe nada do assunto. Mas, mesmo não percebendo, consegue desenvolver uma página com bom humor. Esperemos que, de futuro, este ex-jornalista repita mantenha estas ressalvas honestidade intelectual. Só lhe fica bem e demarca-se dos seus ex-colegas.
Uma coisa que constato em alguns bons humoristas (Seinfeld, RAP, Nuno Markl...) é a capacidade de fazerem leituras dos mais variados aspectos da vida (desde assuntos tão interessantes como o desenroscar de uma lâmpada em cima de uma escada, como das invasões Vikings) tornando-as engraçadas. O truque é simplificar. Se simplificarmos as coisas fazendo o leitor/ouvinte esquecer uma série de outros pormenores "irrelevantes" então certas situações, ao princípio banais e chatas, transformam-se em galhofa da melhor.

O problema é sempre de quem lucra

A julgar por esta posta do Carlos Loureiro no Blasfémias, abaixo de um determinada quantidade, o consumo, posse e compra de cannabis não são considerados crime. Mas a venda deste psicotrópico, independentemente da quantidade, já é considerada crime. Isto ilustra como o quadro legislativo emanado pelo Estado encara o problema. O único culpado da existência de um mercado de haxixe é a oferta. Se há mercado é porque existe oferta! A procura é a mais desculpabilizada no meio disto tudo: consumir tudo bem, agora vender é que não pode ser. É um problema de falta de formação económica dos legisladores? ou é simplesmente porque estando a oferta menos atomizada que a procura torna-se mais fácil (pretender) controlá-la? É que se não se quiser recorrer ao mercado e um gajo se decidir a cultivar em casa tem de ter altos conhecimentos de agronomia para não deixar a planta crescer para além dos "10 dias de consumo médio", o que deve equivaler a um vasinho de manjerico de Sto António dos mais ranhosos.
(foto roubada daqui)
Outra coisa a que achei piada foi a definição das quantidades de haxixe que se pode e não pode ter:"10 dias de consumo médio". E o que é o consumo médio? Um charro a seguir ao chá? Um Bob Marley antes da Floribela? ou 10 mais as 232 baforadas de bacanos, habituais por estes festivais de Verão? 10 anos de prisão seria o mínimo que a moça da foto acima deveria apanhar...

E quando não eram de venda livre subiam porquê?

Há remédios de venda livre que duplicaram o preço
(in DN)

O brilhante jornalista olhou para os preços antes e depois da liberalização, ignorando todos os outros factores, e concluiu "Liberalização fez laboratórios subirem os preços". Se o mesmo jornalista reparar com atenção, hoje os carros circulam muito mais lentamente na zona do Campo Pequeno. Antes da Praça de Touros ter sido restaurada, a velocidade média era superior em 50%. Donde o querido jornalista poderia ter concluído que "Reabertura do Campo Pequeno faz reduzir a velocidade naquela zona". Daria uma bela manchete de Verão, pá!

Dá-lhe mais uns 50 anitos

Sismo de magnitude 4,5 sentido em Los Angeles
(in Público)

Quando resolvermos o assunto do aquecimento global, logo iremos resolver o impacto do Homem na actividade sísmica. Vão-se acabar os furos de água e as discotecas com som alto.

07 agosto 2007

I'm Lovin' it

Hoje não paro!
Um brilhante jornalista fez uma reportagem sobre um brilhante estudo de um brilhante cientista (nada como um cientista para a coisa ganhar logo credibilidade) que chega à brilhante conclusão que "McDonalds Sells". Na notícia pode ler-se que o estudo foi realizado junto de crianças entre os 3 e os 5 anos às quais lhes foram oferecidos diversos alimentos com e sem embalagem do McDonalds. Entre 48% a 70% das crianças preferiram a comida embalada em papel McDonalds apesar de ser exactamente igual. Para que é que pensam que serviu este estudo, caros leitores? Uma pista: o autor do estudo foi Dr. Thomas Robinson da Standford University os Medicine, com trabalhos publicados na Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine. Já ajudou a perceber que o estudo não ajudou a reforçar a ideia de que a McDonalds é uma referência ao nível do marketing e que as crianças são o melhor indicador da eficácia do marketing. Nada disso! O que se provou é que se têm de proibir os anúncios da McDonalds e seus congéneres. Nada de responsabilizar os pais e educadores. Nada de chegar à conclusão que se calhar a forma de alterar os hábitos é jogar com as mesmas armas. Porque a conclusão é exactamente essa! Se os outros tipos de alimentos não têm a preferência dos pequenotes é exactamente porque ninguém se preocupou em "embrulhá-la" convenientemente. Não é só com papas e bolos...

The Ministry of Black Magic, Dark Arts and Other Ominous Issues


O Rodrigo Moita Deus, do 31 da Armada, chama a atenção neste post para a enorme diversidade de organismos estatais ligados à cultura. Realmente... será que o princípio da especialização justifica uma "Inspecção-Geral das Actividades Culturais" separada da "Comissão de Classificação de Espectáculos" e do "Observatório das Actividades Culturais"? É mesmo necessário que "Conselho Superior de Bibliotecas", "Instituto Português do Livro e das Bibliotecas", "Conselho Superior de Arquivos" e "Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo" estejam separados ou sequer existam? Uma "Academia Internacional de Cultura Portuguesa" e um "Gabinete das Relações Culturais Internacionais"? O "Instituto Português de Conservação e Restauro" tem um objecto assim tão diferente da Epul... perdão! do "Instituto Português do Património Arquitectónico"?
Quem tenha ideias claras sobre o assunto, tem a caixa de comentários à disposição para esclarecer este blogger.

Vamos brincar às contas

Leia-se este artigo do Times On-line (via O Insurgente) que pretende desmontar alguns lugeres-comuns do ambientalismo-pop. É engraçado a quantidade de tinta (e Mbytes) que se gastam acerca de um problema que nem sequer se tem a certeza se existe. Mas, como diria o filósofo, só a dialética nos permitirá chegar à verdade.

Leitura recomendada do dia

"Conversar..." do Daniel Soares, novo (e promissor) blogger do Amigo do Povo.

«Discutir ideias, analisá-las, aperfeiçoá-las, modificá-las perante os outros é uma vertente infelizmente cada vez mais rara nas sociedades ocidentais, sendo considerada como sinal de fraqueza das nossas próprias convicções ou crenças.»

06 agosto 2007

Ai se fosse o Bush!...

"TV: programa deHugo Chávez durou mais de sete horas"
(in Diário Digital)
Quantos carmos e trindades já não teriam caído se Bush tivesse dito ou feito metade das alarvidades de Chavez que, curiosamente, não são muito amplificadas pelos media de cá. Se calhar el señor Chavez está do lado certo da história e eu é que estou para aqui armado em parvo.

05 agosto 2007

Os novos ventos

A propósito desta posta no Range-o-Dente, queria acrescentar e clarificar alguns pontos.

De facto, as eólicas não são o milagre que tanto se apregoa nos media. Só se falam nas vantagens (que são mais p'ro teóricas) e esquecem-se as desvantagens e, no caso português, os custos. Tal como outras fontes renováveis, a energia eléctrica produzida a partir de energia eólica está à mercê dos caprichos da Natureza. Se não chove, não há barragem que nos valha; se não faz vento não há eólica que nos socorra e com a agravante de esta, ao contrário da hídrica, não poder ser armazenada (parece que já estão a estudar umas mega-baterias para armazenar a energia produzida pelas eólicas mas apenas dura umas horas). Nesta base, a energia eólica é tão desvantajosa como as outras fontes renováveis. Não vejo, no entanto, que este argumento sirva para desqualificar a energia eólica (e creio que não era essa a intenção do Range-o-Dente) pois o parque gerador de electricidade deve ser tão diversificado quanto possível atendendo aos recursos existentes e às limitações das redes eléctricas. Como diz o povo: não ponhas os ovos todos no mesmo cesto. É sempre preferível ter geração que permita reduzir o consumo de combustíveis a não ter. Mas não a qualquer preço, claro está.

Queria acrescentar mais uma desvantagem das eólicas: é que, tendencialmente, a energia produzida a partir de eólicas é inversamente proporcional à altura do Sol. Veja-se o seguinte gráfico correspondente ao diagrama de cargas eólico de 26 de julho de 2007 (também retirado do website da REN):
Repare-se que, à medida que o Sol vai subindo no céu, a energia produzida vai diminuindo, aumentando depois, a partir das 13/14 horas. desconheço as causas desta correlação, mas o que é facto é que existe. Esta configuração tem alguma volatilidade, mas na maioria dos casos o diagrama comporta-se assim. Acerca deste assunto consultar este documento, publicado no site da REN - em especial ponto 3.3 (pág. 4) - relativo ao ano de 2006. Isto implica que, na altura em que é mais necessária, a energia eólica está menos disponível tornando-se por isso pouco útil. Veja-se o diagrama de cargas total (procura/oferta de electricidade registada em Portugal Continental) do mesmo dia.
Este é um diagrama típico de dia de semana (neste caso, uma 5ª feira), que começa à meia-noite com a proura de electricidade a descer até atingir um mínimo às 7 da manhã, altura em que começa a subir rapidamente e atingir um pico por volta das 12h/13h podendo voltar a ter outro pico ao final da tarde (especialmente se for no Inverno). Este diagrama está muito correlacionado com a actividade do país (doméstica, industrial e de serviços) e com as necessidades que envolvam o abastecimento de energia eléctrica. Como se vê, a energia é mais intensamente utilizada (e, por isso, mais escassa) no período das 8h às 20h. Ora, a energia eólica tem menos potencial precisamente nesse período! O grosso da energia eólica é consumida em períodos de vazio onde a energia, por ser menos escassa, é mais barata. Isto implicaria que, em condições normais de mercado, a energia eólica se transaccionaria a preços baixos, menos atraente para quem a produz por implicar um maior período de retorno do investimento. A vantagem da eólica seria a de evitar, eventualmente, o arranque de centrais térmicas ou hídricas nestes períodos o que permitiria poupanças de combustíveis significativas no caso das primeiras e de recursos hídricos nas segundas. Mas, numa perspectiva de estratégia de longo prazo, a solução eólica não oferece grandes garantias devido aos caprichos da Natureza.

Ainda em relação ao preço, o MW eólico é caríssimo não tanto devido às características desta fonte mas devido a condicionantes de regulação. Os anteriores governos e o actual optaram por uma estratégia de incentivo da energia eólica altamente distorcionário que põe os produtores a salvo de flutuações/risco de mercado: o preço recebido por estes é tabelado e muito superior ao que seria encontrado quer por custo marginal quer por mercado (que em teoria deveria ser o mesmo...) o que resulta num "negócio da China" e que justifica a corrida às eólicas nos últimos anos em Portugal. No meu entender seria muito mais transparente que os incentivos incidissem sobre o investimento expondo os produtores ao risco de operação. Haveria menos distorção e o crescimento dos parques eólicos seria mais racional e mais de acordo com a real necessidade de diversificação das fontes de energia no país e no MIBEL.

04 agosto 2007

Aquelas perguntas que se esquecem de fazer


Estava ontem a ver as notícias na SIC-N uma reportagem acerca das filas intermináveis de imigrantes à porta do SEF para se esclarecerem acerca das alterações à lei da imigração. Nas entrevistas todos tiveram oportunidade de se queixar das restrições e incómodos que sofrem por não estarem legais. Faltou, em todos os casos, a pergunta mais óbvia: Porque é que está ilegal?

How politicaly correct can you get?


Acabei de ouvir uma porta voz do governo do Reino Unido dizer, a propósito da última crise de febre aftosa, que as vacas doentes iriam ser abatidas da forma mais humana possível.
O que é matar de uma forma humana? O oposto a matar de uma forma animal? No caso de uma morte anima, o que é que se faria? Contratavam uma vaca serial-killer para abater as outras? Fechavam-nas num curral e largavam uns leõezinhos? Isso já seria matar de forma animal. Por oposição, matar de forma humana já seria contratar o estripador de Odivelas ou então deitá-las numa cama de hospital ligadas a uma máquina que lhes injectaria um veneno qualquer quando elas apertassem um botão.
Dirão alguns: "Lá está você a gozar com coisas sérias, homem. Você sabe perfeitamente que matar de forma humana é não sujeitar o bicho a qualquer tipo de crueldade". E eu respondia: "Tá bem! 'Tá bem! Não estava à espera que empalassem as vacas, ou que as pusessem a grelhar vivas, ou que as pusessem numa trituradora a começar pelas patas e a acabar na cabeça. Aliás, só mesmo um ser não humano seria capaz de sujeitar outro ser a uma morte tão cruel!"

02 agosto 2007

Isto, só neste país!....

01 agosto 2007

Estupidez em Bloco

«Os promotores imobiliários da cidade de Lisboa vão ser obrigados a vender ou arrendar 20% dos empreendimentos novos a preços controlados, ou seja, abaixo do preço de mercado.»
(in Jornal de Negócios)

20% abaixo do preço de mercado? Mas concerteza! Tome lá.
(foto roubada aqui)

Sá Fernandes e António Costa parecem apostados em tornar 20% de Lisboa num bairro social, ou pior... Felizmente não se vai aguentar. Citando o caro António Amaral, infelizmente as políticas são avaliadas pelas suas boas intenções e não pelos efeitos reais que produzem.