30 agosto 2008
28 agosto 2008
Já cá faltavam as eleições americanas II
Comecemos pelo programa militar dos “nossos” candidatos.
McCain pretende expandir e modernizar as forças militares americanas - sempre em nome da segurança da América neste mundo perigoso em que vivemos. Promete igualmente aumentar a eficiência nos gastos com a defesa e evitar o desperdício. Na questão iraquiana defende a democratização do Iraque como forma de estabilizar o Médio Oriente e defende uma retirada das forças americanas condicionada à autonomia do Iraque em termos de segurança interna.
A lista de Obama é tão grande nesta matéria que vou apresentar apenas as promessas mais relevantes, por pontos:
- Expandir as forças militares terrestres – “increase the size of the Army by 65,000 soldiers and the Marines by 27,000 troops”-, manter a supremacia aérea, modernizar a marinha, investir em mísseis.
- Preparar melhor as forças militares americanas para actuarem noutros países
- Aumentar a capacidade para treinar, equipar e apoiar forças militares de outros países.
-Apoiar a supremacia espacial dos EUA e banir armamento que ponha em risco satélites comerciais e militares
- Reforço das alianças militares
- Acabar a guerra no Iraque (retirar?) deixando para trás uma força “residual” temporária que garanta a segurança dos diplomatas e civis americanos que por lá ficarem.
- Treinar forças militares iraquianas com a condição de os seus líderes estarem orientados para a reconciliação nacional
- Gastar 2 biliões de dólares em campos de refugiados de iraquianos nos países vizinhos.
- Aumentar a transparência no sistema de contratos e compras militares.
Por esta amostra, tem-se a noção do grau de detalhe das propostas de um e outro candidato. Obama muito concreto, específico e “mãos largas”. McCain muito mais genérico e sucinto.
No aspecto da Segurança e Defesa, McCain parece não querer fugir da orientação da actual administração. Obama...também não e ainda quer ir ainda mais além. É certo que Obama demonstra um conjunto de “novas” preocupações, mas o seu programa é na essencialmente idêntico ao de McCain, expandido e enfeitado com medidas que o tornam “apetecível” aos olhos dos eleitores democratas.
Na estratégia iraquiana parecem haver mais diferenças. Nas entrelinhas lê-se que McCain quer resolver o assunto militarmente, anulando as forças desestabilizadoras no terreno. Obama parece querer ir pela via diplomática salvaguardando a existência de “serviços mínimos” na manutenção de paz. Ambas as soluções me parecem utópicas porque na realidade não vejo qualquer saída feliz para o problema iraquiano. Quer a América democrata quer a republicana parecem apostadas em impor um modelo civilizacional que não desperta grande interesse na maioria do povo iraquiano. Sem uma massa crítica da população empenhada em viver em democracia do tipo ocidental, só um regime autoritário (em moldes semelhantes ao de Saddam) será viável no Iraque.
PS: Este blogue não se responsabiliza por alterações que os candidatos façam aos seus programas eleitorais depois da publicação destas postas.
Monopólio do ecrã
(in IOL Diário)
Que fixe! Finalmente vou poder jogar monopólio a olhar para um ecrã! E não vou precisar de estar de frente para os adversários nem nada. Com sorte nem vou precisar de arranjar gente para jogar.
Está prestes a nascer um novo imposto
(in Público)
Utilidade acrescida para os condutores? Nenhuma.
Awsome!
Un-fucking-believable! Não estou em mim! Então um senhor que anda em campanha há um ano ou mais, o político mais falado da actualidade, que já se sabia vencedor da corrida para candidato democrata à presidência dos EUA lembrou-se de aparecer na noite da consagração da sua candidatura?!?!? Realmente é uma originalidade que não lembra a ninguém. Ainda não me recompus da surpresa.
Se não os consegues vencer, encastra-os!
Cheira-me que vamos passar a ter uma onda de roubo de edifícios. Chega o juíz de manhãzinha ao estacionamento do seu local de emprego e diz "ia jurar que tinha deixado o tribunal aqui ontem..."
A propósito, acho que também inaugurei a utilização da palavra encastrar na terceira pessoa do plural na forma imperativa. É um dia muito importante, o de hoje.
27 agosto 2008
Análise Metalúrgica
The Day That Never Comes
0:00 - Entrada de guitarra tem algumas semelhanças com o início do tema (Anestesia) Pulling Teeth, do àlbum Kill 'Em All. Confesso que esta é a semelhança mais rebuscada que encontrei. Mas reparem que em ambos os casos se exploram exploram grupos de 3 notas embora com ritmos e tonalidades muito diferentes.
0:41 - O solo de guitarra é muito próximo do que podemos ouvir em Fade To Black (0:16), do álbum Ride The Lightning.
0:50 - A progressão de acordes utilizada aqui (Lám - SolM - Mim - DóM) utiliza os mesmos acordes que podemos ouvir em Fade To Black e em The Unforgiven I (0:35) e II se bem que nestes dois últimos a sequência é Lám - DóM - SolM - Mim. Mas esta progressão ainda me parece mais semelhante à que se pode ouvir em To Live Is To Die (5:07), do àlbum ...And Justice For All, onde se ouve a progressão Lám - SolM - Mim - FáM/Rém.
1:53 - Guitarras do refrão são muito idênticas às do refrão de Fade To Black (2:03).
2:10 - A intervenção da 2ª guitarra é muito semelhante à que se ouve em To Live Is To Die (4:40)
2:24 - O momento progressivo deste tema. A sequência de notas é quase a mesma utilizada em Master Of Puppets, do àlbum com o mesmo nome, logo após o segundo solo de guitarra (6:21) embora com um ritmo muito diferente.
4:08 - Utiliza-se o mesmo power-chord utilizado no início do tema Orion (0:59), álbum Master of Puppets.
5:02 - Riff "metralhadora" muito idêntico ao de One, do àlbum ...And Justice For All.
5:20 - Solos harmónicos a 2 vozes como em One (6:38)
5:45 - Riff que consiste em hammer-on's muito rápidos. Podemos encontrar este motivo na cover Am I Evil (1:25)que os Metallica já terão tocado seguramente mais vezes que os autores originais.
6:28 - O solo tem muitas semelhanças com o de Am I Evil (5:20), em especial nos acordes que lhe servem de base (Si - Mi).
6:40 - No solo de Shortest Straw (4:20), do àlbum ...And Justice For All, também é possível encontrar este motivo descendente.
6:45 - A referência mais óbvia deste single - quase idêntico ao riff inicial de Motorbreath, do àlbum Kill 'Em All.
7:41 - Utilizam-se uma série de power chords que só me lembro terem sido utilizados no tema ...And justice For All (1:14), do àlbum com o mesmo nome.
Com quase toda a certeza, existem outras sugestões a temas antigos. A minha cultura metaleira é que não dá para mais.
Nota: Se nos links do Youtube aparecer uma mensagem a dizer que o vídeo já não está disponível, não liguem. tentem novamente que ele há-de acabar por aparecer.
26 agosto 2008
Que fartura!
Por um ar mais limpo
(in Público)
Aguarda-se a todo o momento que os neo-Robin dos Bosques venham dizer que a culpa é dos ricos.
25 agosto 2008
Já cá faltavam as eleições americanas I
Já muitos companheiros de selva me perguntaram: “Então pá! Em quem vais votar? No Obama ou no outro?” Depois de lhes explicar que não tenho cartão de eleitor americano ,dizia-lhes que ainda não tinha visto o programa eleitoral de nenhum deles. Perante o levantar de sobrolho que em geral se seguia eu acrescentava que o Obama tem um ar mais fofinho que o McCain. E a minha posição resumia-se a isso.
Há dias decidi levantar-me bem cedinho e apanhar uma liana até à cyber-sequóia mais próxima e consultar os programas eleitorais dos dois candidatos. Eu que pensava que ainda ia tomar o pequeno-almoço com a Jane, cheguei atrasado para jantar. Tal não é o rol de propostas dos candidatos a rei dos ianques.
Uma primeira nota para os sites dos candidatos. O site de McCain está desenhado num espírito mais americano, mais McDonald, mais comercial, mais garrido. O de Obama é mais sóbrio, elegante, mais institucional, talvez mais ao gosto europeu. Noto que nos últimos dias o site de McCain se foi limpando, aproximando-se mais do estilo do de Obama. em ambos predomina o fundo azul. Freud explica...
Olhando para a secção de propostas eleitorais, a lista de ambos é grande. Mas Obama tem praticamente o dobro das promessas. A lista de Obama parece a lista de distribuição do Pai Natal – não há nada que o senhor se tenha esquecido de prometer - enquanto que a de McCain, dada a idade, parece mais a lista de compras do hipermercado em fim de mês. Nesta parte, o site de Obama é muito bem e consistente estruturado – nos diferentes capítulos identificam-se os problemas, propõem-se soluções e mostram-se os créditos curriculares de Obama enquanto senador - embora as mesmas promessas apareçam em diversos pontos. O programa de McCain é menos extenso – menos aborrecido de ler de uma ponta a outra – e menos minucioso. Apesar das diferenças de estilo, parece haver algum decalque fazendo supor que nenhum deles quer referir menos áreas de actuação que o adversário. Um exemplo disto, que achei curioso, é o de ambos terem umas linhas referente aos autistas. Não sabia que o autismo fosse um problema de saúde que preocupasse tanto os americanos. Convém também referir que a tarefa de Obama é mais fácil uma vez que está na oposição. McCain não tem tanta margem para apontar o dedo e apresentar propostas fracturantes.
Nas postas seguintes comparo as propostas em alguns dos assuntos de maior interesse.
Atestados de estupidez
Pela mesma ordem de ideias, deveriam ser proibida a trasmissão de séries como:
- "CSI"'s e afins. Porque reflectem mal as práticas forenses;
- "Boston Legal". Porque reflecte mal as práticas legais e judiciais;
- "Dexter". Reflecte mal as práticas de um serial-killer de serial-killers;
- "Sete Palmos Abaixo de Terra". Reflecte mal as práticas do sector dos cangalheiros;
- "A Presidente". Reflecte mal as práticas de um presidente americano;
- "Espaço 1999". Reflecte mal a realidade aero-espacial mundial em 1999;
- "Heidi". Reflecte mal a vida rural nos Alpes. Para além disso tem personagens infantis com roupa sexy.
Não chamem a polícia II
Em comentário a este post no blogoexisto sobre este assunto, alguém se lembrou de apresentar o ranking dos países mais pacíficos do mundo na caixa de comentários. Não é que estamos em 7º! À frente da Finlândia, do Luxemburgo, do Canadá, da Suíça... Melhores que nós só a Islândia, Dinamarca, Noruega, Nova Zelândia, Japão e Irlanda.
Segundo o ranking do blogoexisto, somos o 7º país mais policiado. as contas batem certo. A questão é se somos pacíficos por termos tantos polícias (naaaaa!) ou se o que acontece é que temos polícias demais para o nível de criminalidade que apresentamos. Vale a pena dar uma espreitadela à composição do índice.
Leitura recomendada do dia
Não vi cartazes a dizer “peace now”, não ouvi berros indignados a clamar que Putin e Medved são os “verddeiros terroristas”, não apareceram os famosos “escudos humanos”, o Dr Miguel Portas não zurrou desta vez que “somos todos georgianos”, o Bispo Torgal não assinou uma petição contra a “força desproporcionada”, o Dr Louça não apareceu a exigir o “fim da ocupação” e a Dra Ana Gomes não se referiu ainda aos voos do KGB e aos prisioneiros georgianos levados para a Rússia.»
23 agosto 2008
Este gajo está a pôr-se mesmo a jeito
22 agosto 2008
Não chegava já a ASAE?
"Greenpeace dá nota negativa às bancas de peixe de supermercados portugueses"
(in Público)
Detalhe: «Quando começámos na Holanda, tínhamos três supermercados no laranja».
Devem lá ter ido num dia em que jogava a selecção deles.
Mais uma machadada na verdade politicamente conveniente
21 agosto 2008
Radio, kill the TV star II
20 agosto 2008
Leitura recomendada do dia
«Em 2030, o grande debate ambiental será feito à volta do arrefecimento global. Os grupos ecologistas exigirão medidas rápidas contra o uso de automóveis eléctricos, considerado pela grande maioria dos cientistas como os principais causadores da tragédia eminente, originada nos produtos químicos utilizados na construção das baterias. Os EUA serão apontados como grandes causadores do problema, por se recusarem a assinar a declaração de Estocolmo, que exigirá uma redução do consumo de energia em 50% nos próximos 20 anos, o fim imediato da produção de baterias e o desmantelamento faseado dos geradores eólicos. (Portugal orgulhar-se-á por ter sido o 1º país do mundo a subscrever a Declaração). Nesse ano, para alguns o mais frio da década, a temperatura média do planeta terá caído mais de 0,002 graus.»
19 agosto 2008
18 agosto 2008
Jogos Olímpicos e política
- Na cerimónia de abertura dos Jogos não haveria entrada no estádio por nacionalidades mas por modalidades;
- Não haveria rankings das medalhas por países mas simplesmente por atletas;
- Não haveria hastear de bandeiras na entrega de medalhas em provas individuais (em modalidades de equipas como o futebol, já faria algum sentido, mas continuaria a ter conotações políticas);
- Não haveria envolvimento nem apoios estatais nos comités olímpicos nacionais;
- Não haveria empenho das figuras de estado em estarem presentes na abertura dos Jogos;
- Não haveria boicotes nem ameaças de boicotes;
Por mais que não se queira aceitar, os Jogos Olímpicos são um forma de afirmação de poder por parte dos países que neles participam, em especial as grandes potências.
A confirmá-lo estão postas como esta e também esta.
Frase do dia
"De manhã só é bom é na caminha, pelo menos comigo"
(in Jornal de Notícias)
Aqui está! O brio! O profissionalismo! O espírito de sacrifício!
Agora estou na dúvida: na fotografia, o Marco está a lançar o peso ou a espreguiçar-se?
16 agosto 2008
A democracia não enche o depósito
Pergunta-se no Público se "É preciso ser amigo de Kadhafi, Chávez e dos Santos? Sim, diz Governo"
Acho que o Gato Fedorento já deu a resposta.
14 agosto 2008
Não chamem a polícia
13 agosto 2008
Porque será?
Curioso que ao lado da entrevista está uma fotografia de Chávez a discursar e a fazer uma espécie de saudação romana tendo por detrás um enorme cartaz de ele próprio a apontar na "nossa" direcção. Hmmm... ora deixa-me lá ver uma imagem que ilustre melhor a atitude de um ditador... Hmmm... Não consigo.
Em que ficamos?
Temperaturas médias conjuntas de Junho e Julho ligeiramente acima da média"
(in Público)
Mas afinal as previsões não eram no sentido deste Verão vir a ser o mais quente dos últimos 25 anos? Ou estamos a falar de outra previsão? Essa "outra" previsão apontava especificamente que as "temperaturas médias conjuntas" iriam ser "ligeiramente" acima da média de referência (1971-2000)?
«A temperatura média do ar durante os meses de Junho e Julho foi, conjuntamente, “ligeiramente” superior aos valores médios, nomeadamente nas temperaturas médias máximas, de acordo com o Instituto de Meteorologia.»
(sublinhado meu)
Desculpem-me a ignorância mas não estou bem a ver o que são "temperaturas médias máximas". "Temperaturas máximas médias" ou "média das temperaturas máximas" ainda consigo perceber o que seja.
«Contudo, em Julho estas temperaturas foram inferiores à média. O valor médio da temperatura máxima do ar em Julho foi de 27,7 graus, quando o valor da última normal foi de 28,7 graus, atendendo ao período referência.»
Ah! Afinal parece que estamos a falar de "temperaturas máximas médias." Reparem que o facto mais significativo foi o de Julho ter tido temperaturas médias significativamente mais baixas do que a média mas o que sai na manchete é o facto do retorcido indicador conjunto (a que nunca ninguém ligou até hoje) estar acima da normal. O que este Público não faz para nos mantermos vigilantes no aquecimento global e na ânsia do sr. Al Gore tomar as rédeas do destino do nosso planeta. Um lenço por favor.
Eu até vou dar uma ideia à redacção do Público. Peguem nos valores históricos de temperatura média para Lisboa (façam uma busca aqui) entre 1971 e 2007 e peguem na temperatura média de Julho de 2008. Comparem as médias 1971-2000 com a observada em 2008 e já terão outra manchete: "Julho foi um mês com temperaturas acima da média". Se quiserem até podem empurrar o período de referência mais para trás. Quanto mais os anos 70 pesarem nessa média, mais "regozijo" irão sentir. Caso não se lembrem os anos 70 foram assombrados pelo papão do arrefecimento global.
Mais um e-mail da tanga
seguida da legenda "Ave morta com o estômago cheio de pedaços de plástico". Falta dizer que não era só o estômago que estava cheio de plástico. Deviam ser também os intestinos, o baço, o fígado, os rins, a bexiga,...
Parece-me antes que alguém se deu ao trabalho em juntar um monte de tampas de plástico e colocar uma carcaça de ave em cima. As boas causas não justificam manipulações. Por mais louváveis que sejam, os fins não justificam os meios.
PS: Malta defensora dos animais. Espero que não levem a piadinha da ave a peito. Não leiam nestas linhas que tenho qualquer regozijo em ver uma ave morta ou no seu eventual sofrimento em ter as entranhas cheias de plástico. Tenham um pouco de humor.
Volatilidades III
Taxa crescimento média 2004-2008
Brent: 28,1%
Gasolina: 8,4%
Agradeço ao alf pelas sugestões.
12 agosto 2008
Expressões buéda giras XIX
Ora aqui está um ícone da arte de encher chouriços a da pescadinha de rabo na boca.
Exemplo:
- As estatísticas indicam que 68% dos jovens de sexo masculino preferem que o género oposto use calças de coz baixo.
- As estatísticas valem o que valem...
- Então e quanto valem as estatísticas?
- Valem o que valem.
- E quanto valem?!
- O que valem.
- Que é?...
- O que valem.
- Quanto?!?!?
- Hiii! Já viste as horas que são?
Assuntos que não fazem manchete
Volatilidades II
A forma mais original que se me ocorre de quantificar e obviar a correlação entre as duas séries é comparar as taxas de crescimento do preço da gasolina com a série de médias móveis (não centrada, óbviamente), com uma janela de 5 observações, que se obtém a partir das taxas de crescimento do preço do Brent. O resultado é este.
O alf acha que esta análise deveria demonstrar que nas fases de descidas prolongadas do Brent o preço da gasolina também desce. De facto, na amostra recolhida não existem períodos prolongados de descida do Brent pelo que essa prova não pode ser aqui feita. Resta-me apenas apontar um caso que ocorreu nesta amostra e que mais se aproxima de uma "descida prolongada" : entre Agosto e Outubro de 2006 (parte central do gráfico no post anterior) as taxas do Brent foram sempre negativas. As da gasolina também.
11 agosto 2008
Volatilidades
Tentei reproduzir estes resultados recorrendo a dados disponíveis na internet. Utilizei a série de preços médios semanais de gasolina disponíveis no site da DGEG entre 2004 e 2008; a cotação semanal média do Brent em idêntico período expressa em dólares americanos (retirado da Energy Information Agency); e as taxas de câmbio publicadas no Oanda.com para a conversão dos valores de dólares para euros. Calculando as taxas de crescimento do preço médio da gasolina e do preço do Brent, ambos em expressos em euros, obtém-se o seguinte gráfico.
A característica que mais salta à vista é que a volatilidade das taxas de crescimento do preço do crude transacionado em mercado é muito superior à apresentada pelo preço da gasolina na bomba. A outra característica é que as taxas de crescimento do preço da gasolina parecem estar centradas em relação á série das taxas de crescimento do Brent. As taxas de crescimento da gasolina têm um comportamento análogo ao de uma média móvel das taxas do crude. Este comportamento tipo média móvel implica que o crescimento dos preços da gasolina acompanham o do crude numa perspectiva de longo prazo mas no curto prazo são frequentes as situações de movimentos opostos das séries. Para maior detalhe ilustra-se o comportamento da série desde início de 2007.
a) O preço crude contribuir apenas para 50%-60% do preço da gasolina antes de impostos - segundo fontes americanas (aqui e aqui) - o que representará 20%-25% do preço no consumidor uma vez que a carga fiscal sobre a gasolina ronda os 60% em Portugal (ver aqui). Os restantes 75%-80% não dependem directamente do preço do crude nem são tão voláteis.
b) O crude utilizado para fabricar a gasolina consumida hoje não foi comprado todo ao mesmo tempo, logo o custo da gasolina incorpora crude a diferentes preços. Daí resulta que o custo unitário do crude utilizado na produção seja uma média de preços correspondentes a diversas datas.
c) As empresas de refinação recorrem a instrumentos financeiros para se protegerem dos riscos inerentes à volatilidade do preço do crude - aquilo que se denomina como hedging. O recurso a estes instrumentos faz com que os custos na compra de crude sejam mais estáveis que os que ocorreriam caso não se fizesse hedging.
Seguramente existirão mais factores relevantes para esta realidade mas o meu parco conhecimento na matéria não dá para mais. Não obstante, a realidade é esta. Os louros desta análise vão, em grande parte, para a Visão.
08 agosto 2008
Coisas só possíveis na blogoesfera (por enquanto)
Recomenda-se a leitura:
"Podia ter sido pior" no Arrastão
A série de posts "Pena de Morte" 1, 2 e 3 n'O Insurgente
Os posts "Reflexos Condicionados" e "Legitimidade" no Blasfémias
Mais importante do que tirar conclusões se a polícia actuou bem ou mal - uma vez que não são públicos todos os factos ocorridos durante o assalto - é promover a discussão sobre a lógica de actuação da polícia neste tipos de casos e o necessário escrutínio e avaliação pública deste tipo de acções policiais. É necessário regular quem tem o monopólio da violência - o Estado. A ele devem ser apontadas as virtudes e defeitos das suas acções. "Sucessos" como os de ontem não devem deixar ninguém satisfeito até que se perceba se foi realmente o melhor desfecho possível.
Para quando a travessia em apeneia?
(in Público)
Isso é que era de Ómeim (gajo que é gajo dá erros a escrever).
07 agosto 2008
O eco-fascismo cavalga a bom ritmo
(in Público)
«“Marburg já é líder na utilização da energia solar. Mas até agora, eles sempre tentaram convencer as pessoas, em vez de as forçar”»
O poder, mesmo em nome das boas causas, dá sempre uma grande sede.
06 agosto 2008
Vamos brincar às manchetes
Façamos uma viagem no tempo e imaginemos que manchetes poderiam aparecer nos jornais de Setembro.
1943
“Este Verão foi o mais caloroso que há registo.” (22,8ºC)
1949
“Verão de 1949 foi o mais quente de sempre!” (23,6ºC)
1961
“Portugal recebe os seus turistas com as temperaturas mais tropicais dos últimos 13 anos” (23,15ºC)
1976
“O verdadeiro Verão Quente foi este ano. A Revolução trouxe as temperaturas mais quentes dos últimos 15 anos” (22,9ºC)
1987
“Último Verão bate o recorde dos últimos 11 anos. Cavaco promete tomar medidas” (22,88ºC)
1989
“Buraco do ozono responsável pelo Verão mais quente dos últimos 40 anos” (23,35ºC)
2000
“2000 registou o Verão mais quente dos últimos 11 anos” (23,10ºC)
2006
“Verão de 2006 é o mais quente deste século! O aquecimento global em revista.” (23,83ºC)
Estão a ver? É fácil. Experimentem aí em casa.
Não lancem já foguetes
(in Público)
Não se esqueçam que os "cientistas" previram que, tal como o ano passado, este ano iria conhecer o Verão mais quente dos últimos 25 anos. O ano passado falharam, mas este é que vai ser. Deixem chegar Setembro ao fim e depois falamos.
Para a semana vamos proibir os mergulhos de cabeça
Sinais perigosos
Pois.
05 agosto 2008
Democracia não enche o depósito
Pergunta o Público se "É preciso ser amigo de Kadhafi, Chávez e dos Santos?". A resposta já tinha sido dada pelo Gato Fedorento...
01 agosto 2008
Parece que quando se derrete gelo sai água
A NASA sabe que para garantir fundos tem de manter o público entusiasmado. O que não é difícil graças à baixa literacia científica e à fraca memória colectiva. A pólvora pode ser descoberta várias vezes.
Sinais de incompetência
Ai que susceptíveis que nós somos
«The term "brainstorming" has been accused of being politically incorrect and offensive to people with epilepsy.»
(recebido por e-mail)
Mais à frente pode ler-se «A survey in 2005 by the UK charity National Society for Epilepsy found that 93 per cent of people with the condition surveyed do not find the word offensive.»
Ou seja, ainda houve quem se desse ao trabalho (e ao dinheiro) de ir investigar se os epiléticos se sentiam ofendidos. Ou, dito de outra forma, se eram tão parvos como quem formulou essa hipótese. É bem feito. Os zelosos do políticamente correcto levaram com 93% de "nãos" na tola que é para aprenderem a não serem coninhas.
Ainda aguenta mais um bocadinho
"Governo antecipa guerra das tarifas e trava nova subida do preço da luz em 2009
Escalada de preços no carvão e no gás natural fazem aumentar défice tarifário"
(in Público)
Défice tarifário? O próximo governo que trate disso. Este ano que vem é de eleições (2008 foi ano de pré-eleições). Quem vier atrás que feche a porta.
O governo justifica-se com a ocorrência de "factores excepcionais" como sejam "a redução da produção hidroeléctrica causada por períodos de seca, a instalação de potência com tarifa especial ou uma subida excepcional do preço dos combustíveis fósseis nos mercados internacionais"
Redução da produção hidroeléctrica: Não existe já um fundo de correcção de hidraulicidade para fazer face a essas situações? «O mecanismo de correcção de hidraulicidade que visa cobrir do risco de variabilidade hidroeléctrica, quer as tarifas de energia eléctrica»
Instalação de potência com tarifa especial: suponho que se refiram aos Produtores em Regime Especial essencialmente compostos por renováveis. O crescimento foi inesperado? excepcional? Então não é o Governo o responsável pela subsidiação (através de preços altamente vantajosos para o produtor) e promoção das energias renováveis?
Subida excepcional do preço dos combustíveis: o Governo espera que os preços se retraiam significativamente no futuro? Acredita portanto que esta escalada foi um mero surto especulativo e que tudo voltará a ser como dantes?
PS: Gostei particularmente do detalhe "preço da luz" no título da notícia do Público. Gosto disso e de ir "buscar o comer". É patusco.
Etiquetas: Sabe tão bem pagar tão pouco.