Radio, kill the TV star II
Outra! Lembrei-me hoje de uma estratégia muito engraçada da Antena3. Não conheço os estatutos da estação, mas tenho a ideia de não ser suposto a Antena3 passar spots publicitários. Mas o mercado fala mais forte e conseguiu dar a volta ao assunto. A Antena3 pode não anunciar produtos mas pode anunciar os concursos que organiza. Como os concursos têm de ter um prémio que corresponde a um produto com uma marca, toca a patrocinar concursos. Ele é jogos da Playstation, ele é DVD's de wrestling, ele é CD's... Serviço público, zero.
6 Commets:
Muito bem lembrado. É verdade! Nas manhãs é um tal de dar DVD's. Nunca me tinha ocorrido que a Antena 3 também não podia passar anúncios...
Uma coisa é serviço público; outra é ter ou não pub. Pode ter-se serviço público com pub. Não me choca. O que se coloca é saber se para ter serviço público é preciso sacrificar audiências (e eu acho que não necessariamente) e se esse serviço não consegue ser pago apenas por anunciantes.
(estou a falar em termos conceptuais e não necessariamente em relação ao caso que o Tarzan expôs)
Jd,
compreendo a sua posição. Mas a minha visão de serviço público é quase oposta à sua. O serviço público serve para colmatar falhas de mercado. As falhas de mercado são muitas vezes fruto de baixo potencial de audiências e, consequentemente, de receitas para sustentar económicamente certo tipo de programas. Também não me chocaria que a opção de colocar anúncios ficasse disponível. A programação é que nunca deveria estar subordinada à existência ou não de financiamento privado.
Como já referi na prequela deste post, acho que, no global, a A3 oferece (um bom) serviço público sendo até um caso de referência.
tarzan,
o problema é definir isso:
- serviço público são apenas falhas de mercado?
- o que são falhas de mercado aqui?
sejam quais forem as respostas a estas questões, acho que a pub é independente disso. podes ter pub com audiencias mais baixas (vale é menos, mas o modelo de financiamento privado pode existir na mesma, mesmo num modelo que não se auto-sustente, alías como acontece mesmo com as actuais audiências).
Ter ou não ter publicidade não altera o serviço público, ou não deve alterar; é uma questão de financiamento.
Assumindo que o serviço público baixa audiencias, ao suprir falhas de mercado; então alguém tem de pagar por esse serviço, já que os anunciantes podem não ser suficientes.
Quem deve pagar o serviço público? O Estado.
Mas isso também é independente de ter ou não uma televisão pública. podem ser os privados a faze-lo e receber por isso. Pode ser previsto na regulação.
Abr. e bons posts.
jd
Queria aina acrescentar uma perversidade:
- Como é se faz serviço público sem audiências?
No limite com audiÊncias zero ou quase zero podemos ter a intenção de fazer serviço público, mas não o fazemos efectivamente, porque não chega a ninguém.
ou seja, muito cuidado no trade-off entre serviço público vs audiências (nos casos em que um implica a quebra do outro; por outro lado, se um não é inverso do outro não é preciso serviço público, porque o mercado toma conta)
abr.
jd
Acho que acabamos por estar de acordo.
De facto, as audiências também devem ser tidas em conta no exercício do serviço público. Isto porque convém que o prestador do serviço público controle se o produto que está a produzir tem o efeito desejado (colmatar a falha de mercado) junto de cada nicho do público a que os seus programas se destinam.
Por exemplo, um programa de divulgação de bandas de garagem. Um dos critérios a ter em conta na avaliação do cumprimento de objectivos tem de ser a verificação da satisfação do público alvo (idades entre 15-30 em zonas urbanas) que pode ser medido pelo nível de audiências deste segmento. Não faria sentido que se medisse a qualidade do programa com base no share televisivo total aquela hora.
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