31 agosto 2006
O copo meio vazio
«As autoridades espanholas estão, devido à seca, a fechar as "torneiras" às suas barragens no Sul da Península Ibérica e os efeitos já se estão a fazer sentir em Portugal. [...] Certo é que as consequências destes cortes de caudal no Guadiana começam a ser evidentes na albufeira de Alqueva, que actualmente está nos níveis mais baixos dos últimos dois anos. [...] ontem estava nos 61,6%, o valor mais baixo dos últimos anos.»
30 agosto 2006
Eu dou-lhes o difícil...
(in Público)
É difícil porque a explicação está escondida. Mais concretamente debaixo do solo. E chama-se "MINA"!!
É um bocado como ter um cinzeiro por debaixo do letreiro de "Proibido fumar"
(in Público)
Se fosse proibido fumar nas prisões e começassem a haver incêndios por beatas mal apagadas, era o que o governo faria certamente: "Ah, coitadinhos, já não basta não poderem fumar, e ainda por cima não terem onde apagar as beatas!..."
28 agosto 2006
26 agosto 2006
Tanta coisa, tanta coisa....
24 agosto 2006
É com cada coisa que a gente lê...
«Os preços, formados essencialmente no mercado spot espanhol, estão muito acima dos do mercado regulado, salvaguardados do aumento dos custos de produção de energia. É também um sinal de que o Mercado Ibérico da Electricidade (MIBEL) não está a funcionar como devia. Se assim fosse, os preços em mercado aberto estariam a cais, em virtude da maior concorência entre empresas portuguesas e espanholas»
Mercados em Tensão (2)
Quando se transita para um modelo de mercado verdadeiramente livre, as restrições à entrada de empresas produtoras e distribuidoras são levantadas (as que entrarem têm simplesmente de garantir obediência ao regulamento vigente) e os preços passam a variar consoante as leis da procura e oferta.
No meu entender, têm de ser garantidas duas condições para que uma liberalização seja bem sucedida:
1º - A liberalização tem de ser completa. Não é desejável que se levantem as barreiras à entrada de concorrentes e se mantenha o preço fixo ou que se liberalize o preço mas se mantenham as barreiras à entrada. O regulador tem de deixar de ser participante activo no mercado e passar simplesmente a garantir que os regulamentos sejam cumpridos e que as boas práticas de mercado são cumpridas (um papel semelhante ao da CMVM).
O desastre californiano deveu-se ao facto deste ponto não ter sido respeitado: o parque produtor foi liberalizado mas os preços ao consumidor final mantiveram-se fixos. Resultado: o maior incentivo à poupança de energia (o preço) não funcionou, a procura aumentou (os preços assim o convidavam), os potenciais produtores de energia não tinham incentivo a entrar no mercado, e uma parte dos produtores operantes deixaram de ter incentivo a ligar as suas máquinas (o preço recebido era inferior ao custo marginal), a procura excedeu a oferta e o sistema colapsou.*
À luz de notícias recentes, parece que há muita empresa (produtora e distribuidora) que não está disposta a participar no mercado uma vez que o regime fixo de preços é actualmente muito mais apetecível. Aliás, muitos consumidores do regime não vinculado passaram a ir comprar electricidade ao sistema público!
Por outro lado, a liberalização dos preços sem abertura a concorrentes traria seguramente situações de conluio. O conluio em Portugal tem estado bastante à “solta”, como se pode constatar no caso das gasolineiras, sem que ninguém ainda tenha conseguido provar nada.
2º - A liberalização tem de ser progressiva. Tão mais progressiva quanto o impacto dessa liberalização seja prejudicial aos consumidores ou aos produtores. É necessário dar tempo aos diversos players (detesto este anglicismo!) para se adaptarem a uma nova realidade.
Num ambiente de estabilidade dos combustíveis e do parque produtor (meça-se esta estabilidade em anos), a transição deve ser tão rápida quanto os preços e os regulamentos reflictam a situação de mercado livre. Nestas circunstâncias, ao abrir o mercado, a liberdade de escolha por parte dos clientes e a agressividade tecnológica e comercial encarregar-se-ão de pressionar os preços para o mínimo possível (os preços tenderão a igualar o custo marginal de produção, transporte e distribuição).
Acontece que, no regime actual, quando se dá um choque no sentido da subida dos preços dos combustíveis os consumidores passam a ser “subsidiados”, pagando muito menos pela electricidade do que o custo de produção e transporte. O inverso também pode ser verdade – uma baixa sustentada dos preços dos combustíveis originaria uma penalização dos consumidores.
Se acontecer um destes desequilíbrios (e actualmente é o que acontece) um dos lados irá sofrer com a abertura repentina dos mercados. Na actual situação, e tal como já anunciado em muitos artigos de jornal, a abertura imediata dos mercados conduziria a uma subida do preço para os clientes finais. Segundo as contas de Sérgio Figueiredo, os custos de produção subiram 15% enquanto os preços apenas acompanharam a inflação (2% mais coisa menos coisa). O défice tarifário terá de ser pago mais cedo ou mais tarde e a total liberalização implicaria que teria de ser pago JÁ!
Como a situação de Espanha é bem pior e a ânsia de controlo do governo espanhol não apresenta melhorias, não me parece sério sugerir a implementação do MIBEL de um dia para o outro. Primeiro há que arrumar a casa.
* - Convém explicar esta especificidade dos sistemas eléctricos: até um certo ponto, se houver desequilíbrios entre a procura e a oferta, o sistema não funciona para ninguém! Veja-se o exemplo do apagão de Maio de 2000, em que a rede da zona Sul de Portugal ficou isolada da zona Norte (maldita cegonha!) – como nesse momento apenas a central de Sines estava a operar na zona Sul e esta não tem potência nem flexibilidade para aguentar todo o consumo a Sul do Tejo (na altura também não existiam pontos de interligação com Espanha a Sul do Tejo); o sistema colapsou com as consequências que todos sabemos.
23 agosto 2006
Mercados em Tensão (1)
Os governos de Portugal e Espanha desejam que os sistemas de electricidade passem a ser completamente livre, à semelhança de outros sectores igualmente vitais como por exemplo as telecomunicações. Não vou discutir as diferenças entre privatizar comunicações e electricidade, ficando isso para futuras postas.
O que se passa actualmente é que na Península Ibérica os sistemas eléctricos são semi-livres. Passo a explicar: para alguns clientes (os grandes) já é possível optar pelo fornecedor e negociar preços. Estes, ou vão ao mercado encontrar bons preços ou optam pelo sistema público cujos preços e condições de acesso estão pré-definidas. Pretendem os governos ibéricos que isto possa acontecer com todos os consumidores.
Em primeiro lugar convinha explicar sucintamente o negócio da electricidade no nosso país. Actualmente o sector está definido de forma a existirem, por um lado, os produtores de electricidade em que cada um recorre a diferentes tipos de energia primária e tecnologias para produzir electricidade. Do outro lado estão os distribuidores de electricidade, que se encarregam de vender a electricidade ao consumidor final. No meio, existe a rede de transporte, encarregue da gestão global do sistema de forma a que, em cada segundo, a oferta seja igual à procura – uma espécie de espinha dorsal do sistema.
Acontece que, em Portugal, a maior parte dos produtores e dos distribuidores se inserem no chamado sistema público. Público porque são o governo e a entidade reguladora (ERSE) quem decide a sua composição, as regras de funcionamento e os preços a praticar. Existe depois um sistema não-público (os denominados não-vinculados) em que as autoridades apenas definem as regras de funcionamento (mas não os preços ou composição do sector) e em que tendencialmente quaisquer agentes que desejem entrar podem fazê-lo – quer a comprar, quer a vender energia – desde que cumpram uma série de requisitos.
No sistema público, em termos de operação diária, os produtores obedecem às ordens do gestor global do sistema (que no nosso caso é a REN). A gestão é feita de modo a que o custo de produção seja o mais baixo possível tendo em consideração as restrições técnicas existentes, quer ao nível dos centros produtores, quer ao nível das redes. Os produtores são remunerados em função dos combustíveis que consomem e de uma parcela fixada pelo regulador e que se destina a remunerar o capital investido e cobrir custos fixos. A produção é vendida ao transportador (a REN) que é quem lhes paga.
Do lado dos distribuidores, estes compram a electricidade a um preço “fixo” e vendem a um preço “fixo”. Digo “fixo” porque, na realidade, este está tabelado em função da hora do dia (na compra), do tipo de consumidor a que se destina (na venda). As regras de compra e venda são definidas pelo regulador. A electricidade comprada por estes é paga à REN.
O transportador acaba por servir de “buffer” financeiro entre os distribuidores e os produtores porque o preço “fixo” a que a energia é vendida aos distribuidores não é necessariamente igual ao preço a que ela é comprada aos produtores. No caso de, num determinado ano, volume de vendas ser inferior ao de compras isso dará origem a um défice tarifário que terá de ser somado ao défice/superavit acumulado de anos anteriores. A entidade reguladora, define os diversos preços ao longo de toda a cadeia (desde o produtor até ao consumidor final) tendo a obrigação (pelo menos em teoria) de manter os défice/superavit tarifário acumulado iguais a zero. No caso dos pequenos consumidores esta revisão é anual e no caso dos grandes consumidores, as alterações são semestrais.
(continua)
Fenómenos para-anormais
Em primeiro lugar, se o fenómeno tivesse lugar a 27 de Agosto, isso significaria que no mês anterior e no mês posterior ao evento, continuariamos a ver Marte com dimensões consideráveis. Assim, na noite de ontem, Marte já deveria ter o tamanho aproximado ao da Lua, algo que tenho a certeza que ninguém observou. É que, salvo eclipses e quedas de meteoros, maior parte dos fenómenos astronómicos dão-se de forma progressiva.
Depois, se alguma vez pudessemos ver Marte do tamanho da Lua, é porque algo estaria a correr muito mal. O equilíbrio Terra Lua seria profundamente alterado e a interacção de um terceiro planeta traria consequências catastróficas para a Terra. Daria um belo exercício de ficção científica.
A origem da confusão deverá ter estado no facto de alguém ter lido que Marte iria ter uma magnitude igual ou superior à da Lua (devido à máxima proximidade do planeta). Ora, em termos astronómicos, magnitude não quer dizer tamanho mas brilho. Mas Marte ficará sempre muito pequeno no céu pelo que (tal como Vénus) não parecerá maior nem mais luminoso que a Lua. Desta confusão deve ter nascido um equívoco que alguém depois decidiu amplificar e até dar-se ao trabalho de fazer powerpoints.
Os fenómenos astronómicos de 2006 podem ser consultados no site do Observatório Astronómico de Lisboa, aqui e depois clicando em "Calendário e Fenómenos Astronómicos" ou "Visibilidade dos Planetas em 2006". Poder-se-á verificar que nada de especial está previsto para Marte este ano.
22 agosto 2006
Mercado de Santa Engrácia
Leitura imperdível de "Tudo a postos, nada em ordem" de Sérgio Figueiredo no Jornal de Negócios. Sobre o sempre adiado MIBEL e a liberalização do mercado de elctricidade em Portugal. Uma excelente análise, na minha opinião.
20 agosto 2006
Sentimo-nos velhos quando...
* (fillho, entenda-se).
18 agosto 2006
Estatuto interplanetário
(in Público)
Eu dava-lhe o estatuto de Região Autónoma.
E oferecia a Madeira a Espanha. Mas ficava com Porto Santo.
17 agosto 2006
Fã incondicional
«Hooker with a Penis
I met a boy wearing Vans, 501s, and a dope beastie-tee, nipple rings, and new tattoos that claimed that he was OGT, from '92, the first EP. And in between sips of coke he told me that he thought we were sellin' out, layin' down, suckin' up to the man. Well now I've got some advice for you, little buddy. Before you point the finger you should know that I'm the man, and if I'm the man, then you're the man, and he's the man as well so you can point that fuckin' finger up your ass.»
(retirado do álbum "AENIMA")
Para tudo há limites
Um mastim para a mesa do fundo, ó faxavor!
Dicotomias
Oiço na rádio um relato histórico acerca de compositores de música. A páginas tantas diz-se uma das dicotomias mais típicas nos media e na opinião pública. Uma das personagens (Hector Berlioz) era considerado “de direita” e portanto “reaccionário” enquanto outros (como, por exemplo, Beethoven) era de “esquerda” e portanto “progressista”.
Se em política é normal o rótulo, muitas vezes redutor, de esquerda/direita que, em si, não tem nada de pejorativo ou qualificativo, já o rótulo “reaccionário” vs. “progressista” é tudo o contrário. Vejamos. Se “esquerda”=”progressista” então um gajo de esquerda é um tipo “práfrentex” que é “favorável ao progresso”1 e ao desenvolvimento – um gajo fixe. Por outro lado, se “direita”=”reaccionário” então um tipo de direita é um gajo conservador e “contrário à liberdade”2 – um gajo bera.
Esta dicotomia é não só redutora e falaciosa mas, segundo constato, bastante comum nos meios de comunicação e nas conversas de café. Redutor porque extrema as convicções dos rotulados como se o mundo fosse a preto e branco. Falacioso porque a evidência histórica e actual demonstra que existe uma enorme quantidade de exemplos em que “esquerda”=”reaccionário” e “direita”=”progressista”. Vejam-se os exemplos dos regimes comunistas que na maioria (senão todos) os casos são regimes totalitários e “contrários à liberdade”. Como é óbvio, Salazar ou Pinochet serão um dos muitos exemplos de ditadores ligados à “direita”. Como me parece óbvio, não há uma correlação entre o autoritarismo e o facto de ser direita ou esquerda. São questões independentes. A ideologia (de esquerda ou direita) é apenas a massa lubrificante dos ditadores que, no fundo, se estão borrifando para esta. É acenando com fantasmas que estes conseguem o poder absoluto com o apoio das massas.
Mesmo sem cair nestes exemplos extremos, e que me levariam a consumir uns milhares de bits deste blogue, encontramos na sociedade ocidental actual exemplos de como esta dicotomia é errada. Senão vejamos: um reaccionário é aquele que “reage” contra toda e qualquer mudança. Na acepção “portuguesa contemporânea” da palavra, o reaccionário era aquele que estava contra a revolução do 25 de Abril e que reagia perante esta mudança. Como a revolução nos trouxe a liberdade, o reaccionário (segundo a lógica aristotélica) é inimiga da liberdade. Simples, não? Como resultado, perdeu-se a verdadeira acepção da palavra reaccionário. O que se constata, do meu ponto de vista, é que na sociedade actual, as forças de esquerda mais radicais são as mais conservadoras e avessas à mudança enquanto que as correntes liberais (mais associadas pelos primeiros à “direita”) são as que, no plano das ideias, defendem o progresso e a liberdade de escolha. O discurso de esquerda típico nos nossos jornais e noticiários é contra a globalização, a liberalização da economia (são mais a favor da liberalização dos costumes), contra as tão necessárias reformas na máquina estatal, olham a iniciativa privada com desprezo e defendem um estado centralizador. Querem mais anti-liberdade e mais conservador? Não há reforma do ensino, saúde, lei laboral que por mais óbvia, justa e necessária que não traga para a rua uma manifestação de um sindicato ideologicamente comprometido e devidamente amplificado por noticiários. Haverá maior aversão à mudança? Não há reunião de países industrializados que não redunde em violência nas ruas contra a globalização. Querem mais anti-progresso?
Por isso desconfio de todo o discurso maniqueísta e rotulante, venha ele de onde vier – do sr. Bush com o seu eixo do mal ou de Mahmoud Ahmadinejad e a sua a ameaça sionista.
1 - Dicionário da língua portuguesa on-line da Priberam
2 - idem
14 agosto 2006
O.N.U. Para que serve?
Do pouco que sei, parece-me que a O.N.U. é mais um palco político (e burocrático) em que os seus membros estão mais interessados em fazer política do que em resolver conflitos internacionais. O direito de veto confere a alguns países o direito de se oporem por razões meramente políticas.
Causa-me, por isso, espanto que nos noticiários se dê tanta importância ao que a ONU delibera ou deixa de deliberar. Será certamente pelo seu peso político. Mas nunca pelo seu peso efectivo. Também me espanta que não seja assunto de debate internacional questionar se vale a pena manter a O.N.U. tal e como ela é. A complacência para com a sua ineficácia por parte dos media é algo que ainda não compreendi…
11 agosto 2006
Incoerências
Interessante como alguns "altruístas" defensores de uma nova ordem internacional caem no ridículo. "A crise que a paguem os ri... os outros!"
Comer ou não comer
O hábito de não comer produtos de origem animal (vulgo vegetarianismo) tem uma história interessante que remonta à antiguidade, na Índia. Respeito quem toma essa opção gastronómica e aprecio bastante um bom prato vegetariano, mas não partilho desse “fundamentalismo”. Em geral, os defensores do vegetarianismo fazem-no para evitar o sofrimento ou morte de um animal, valor que respeito mas não partilho até esse ponto. Só que há estudos que revelam que as plantas também sofrem e existem até movimentos de defesa dos seus direitos e até de espécies em concreto. E eu pergunto: e se estes estudos e movimentos começarem a ser geralmente aceites? O que é que os vegetarianos farão para evitar o sofrimento de seres vivos?
Eu antevejo uma nova categoria de regime alimentar: a necrofagia ou, para não tornar a palavra muito técnica, o “abutrismo”. Já me estou a ver a entrar numa charcutaria com montes de artigos com certificado ISO 9000 0000 000 100 a dizer “Este artigo provém de um animal que morreu de morte natural não tendo esta sido induzida pela acção humana” ou “esta planta morreu naturalmente e foi arrancada de forma a que as térmitas não a desfigurassem”. Tudo com fotografias fofinhas de cenouras com balõezinhos a dizerem “Agora que esta larva me mandou desta para melhor e sem qualquer intervenção humana, podes comer-me que eu não me melindro”. Vai ser tão giro! Vai-me lembrar a Diagon-Alley.
Leitura recomendada: The great fallacies of vegetarianism
10 agosto 2006
Por falar em leite
(in Diário Económico)
É pena! Até porque há marcas italianas bem interessantes e com forte potencial de penetração.
P.S.: Dois posts sobre leite numa semana. hmmm.... Vou marcar consulta para amanhã.
P.S.2: Para quem não chegou lá, a senhora da foto é a Mónica Bellucci
09 agosto 2006
Retratos do Capital em Lisboa, Portugal
Hoje temos um par de fotos tiradas na biblioteca do ISEG, em Lisboa, Portugal, Europa, Planeta Terra, Sistema Solar, Via Láctea.
(O Capital de Karl Marx - três estantes bem recheadinhas)
(A Riqueza das Nações de Adam Smith - pois...)
Português conquista medalha de ouro
Os portugueses são os máiores! Malta que corre... Por acaso este acho que era o vizinho da minha tia Cacilda lá em Serzedos de Alcoentre. Plantava alfaces e fazia um vinho novo tão bom! Simpático, o moço. Mas tinha uma pronúncia muito fechada e eu, na minha ingenuidade de criança, limitava-me a responder com um sorriso ou acenando quando me dirigia a palavra no quintal. Sempre teve muito jeito para a corrida. Era vê-lo correr atrás das lagartas da couve e apanhar caracóis para as petiscadas das tardes de Junho. Nunca me consigo lembrar do nome do moço. A minha tia Cacilda bem mo repetia mas ela também tem uma pronúncia lixada.
07 agosto 2006
As vantagens de viver no Ocidente
04 agosto 2006
O país a prazo
O editor do Público está de férias
03 agosto 2006
Alguém se importa de explicar?
Portugal é país com maior queda nas vendas a retalho em Junho face a 2005
China já consegue controlar o excesso de população
A China "capitalista" conseguiu o que 50 anos de comunismo puro e duro não conseguiram: crescimento económico e controlo demográfico. Os prodígios que uma sociedade industrial consegue...
Autoridade da Concorrência volta a dar brilharete
02 agosto 2006
Notícia com quase um mês de atraso
E viva a canção de intervenção
Balada do Badalo
Canta! ó meu trovador de terras do Vizir
Canta as trovas com esféricos vocábulos
Que a tua prosa muita gente amofina
De tão indizível quanto incompreensível
Animas a malta do Pragal até à Lapa
Terras de irmandade e incêndios de Verão
Com poesia que diz desdizendo
As agruras da vida de estudante
O "soldadinho" educa a populaça
Do alto da sua barcaça
Não há quem lhe vire o leme
A sua mão firme não treme
(Olha!!! esta rimou!)
Nas deprimidas terras do Sul
Onde a Catarina bateu as botas
Soas os acordes de além mar
E as vozes do outro lado dos montes
Com papões cavernosos
As crianças nos assustaste
Vejam bem que atrevimento
De quem nos deu verde milho
Cobrir a canalha na mortalha
E fumá-la com palha
Cortada com a foice que vinga
Com mais cinco danados para a pinga
(Olha!!! Outra que rimou!)
Ah! e quase me esquecia
Não há trova que Maio não cantes
E manhã de Abril que não escorra da tua pena
Abril inspirado no ido Outubro
O que é certo e sabido
é que sem ti estariamos mais pobres
Serias génio no outro lado da luta
Cantarias contra outros filhos da... mãe.
Efeméride
A sua obra combina o popular com o erudito de uma forma única e admirável. Muitas das suas canções têm o dom de nos pôr a trautear melodias simples mas, ao mesmo tempo, interessantes. Também cabe reconhecer quem o acompanhou nos arranjos das suas canções e que lhes emprestou uma nova dimensão: José Mário Branco, Fausto, Júlio Pereira, entre outros. A sua influência foi muito forte, principalmente depois do 25 de Abril e ainda hoje músicos, como os Madredeus, lhe prestam homenagem e lhe seguem o exemplo na combinação de raízes populares e eruditas.