É com cada coisa que a gente lê...
Leio um artigo na revista Visão de hoje sobre a liberalização do mercado de electricidade. Curioso que depois de a jornalista (Clara Teixeira) ter feito uma análise correcta da origem do défice tarifário se saia com a seguinte tirada:
«Os preços, formados essencialmente no mercado spot espanhol, estão muito acima dos do mercado regulado, salvaguardados do aumento dos custos de produção de energia. É também um sinal de que o Mercado Ibérico da Electricidade (MIBEL) não está a funcionar como devia. Se assim fosse, os preços em mercado aberto estariam a cais, em virtude da maior concorência entre empresas portuguesas e espanholas»
Remete-se depois para a leitura de uma enterior entrevista a Jorge Vasconcelos (Presidente da Entidade Reguladora do Sector Energético-ERSE)
Mercado regulado?!? onde é que a sra jornalista ouviu falar de mercado regulado vs MIBEL?
O que existe, de facto, é o OMEL: mercado spot espanhol de electricidade na qual operam já alguns agentes portugueses.
Não existe um mercado regulado mas sim um sector regulado. E, tal como explicado no artigo, esse sector está sujeito a uma tarifa fixa que foi decidida administrativamente (e que cresceu apenas ao ritmo da inflação) e que não reflecte o aumento dos custos dos combustíveis dos últimos dois anos. O que a jornalista deveria ter concluído é que, a manter-se a situação, o actual sector regulado se irá tornar insustentável, tal como comprovam os preços de electricidade apurados em mercado livre. É o sector que está mal regulado e não o mercado que está a funcionar mal.
Foi pena pois o resto do artigo até está bom.
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