É desancar, meus caros. É desancar...
Na semana passada saiu um artigo na Visão dedicado à fanchonice. Entrevistaram-se vários especialistas na matéria e apareceu a senhora Margarida Cordo - que não é uma estranha no assunto - a dizer que a paneleirice é uma doença. Que é uma doença já eu demonstrei aqui e não é novidade nenhuma. Podiam-se ter feito diversas críticas a esta abordagem como, por exemplo, o facto de as convicções morais e políticas interferem muitas (tantas!) vezes no trabalho e no discurso científico. Mas não. A rabicheza e malta das artes e espetáculo assanhou-se logo e apressou-se a demonstrar que isso é estúpido e atrasado porque está mal e é feio. O Hermano Giuseppe até insinua que Christian Andersen, Tchaikovsky, Baden-Powell, Jodie Foster, entre outros não seriam o que são se não fossem homossexuais. Não sabia que o grau de paneleirice agora era considerado elemento essencial para a genialidade. Isso significa que Picasso e Klimt - esses marialvas - não passam de uns amadores ao pé de um Da Vinci ou de um Andy Warhol; ou que a genialidade de Tchaikovsky advém da largura da sua anilha - quem sabe se não foi buscar inspiração para a sua Sinfonia Patética quando se viu no espelho numa noite tórrida; ou que a Jodie Foster encanta público e crítica graças ao ar guloso com que olha para as gajas . Pela mesma ordem de ideias todos os surdos deveriam ser geniais compositores.
Tudo bem que a malta tem de respeitar asopções preferências sexuais menos convencionais - desde que estas apenas envolvam adultos responsáveis e em total liberdade - e que ninguém se deve sentir inferior (ou superior) por isso. Não venham é armar-se em amélias ofendidas de cada vez que alguém ache isso não é natural ou simplesmente tenha um prespectiva moral oposta.
Tudo bem que a malta tem de respeitar as
9 Commets:
Sem pretender ser uma amélia ofendida, permita-me apenas uma correção, a homossexualidade não é uma opção.
pedro,
já está corrigido.
Ninguém prefere ser homossexual.
Acho que é um bocado como a cor dos olhos, o tipo de cabelo ou a estatura que se tem.
"Orientação sexual" penso ser uma expressão que se adequa mais ao contexto.
Peço desculpa mas, mesmo existindo predisposição genética, não deixa de ser uma opção (ou preferência, como optem ou prefiram). É uma opção condicionada, mas todas as nossas opções são mais ou menos condicionadas, endógena ou exogenamente. Existem maior ou menor propensão genética e social para ser alcoólico, gordo e viciado em tabaco, por exemplo.
Eu, por exemplo, tenho uns quantos quilos a mais, coisa que o meu querido paizinho também tem e com fartura. É orientação metabólica? Se considerarmos por orientação o carácter genético, talvez. Mas os genes, tirando excepções extremas, não são donos e senhores do nosso futuro. As nossas êscolhas ao longo da vida também têm um papel importante a desempenhar e que não pode ser negligenciado, por mais que o Fado faça parte da nossa cultura.
Caro Diogo,
Evidentemente que a genética não explica tudo, nem sequer argumentei nesse sentido.
Acho que não foi feliz no exemplo da obesidade (acho que é classifcada como doença pela OMS), mas presumo então que "optou" ou "preferiu" ter uns quilinhos a mais.
Deduzo pelos seus argumentos que considera que "homossexualidade" pode ser "tratada" (á semelhança da obesidade) e só é homossexual quem "quer", "prefere" ou "opta" ser homossexual.
Na hipotese remota de a minha opinião lhe interessar, deixe-me dizer-lhe que está redondamente enganado.
Não é a mesma coisa ter uma perspectiva moral oposta e classificar a homossexualidade de doença.
Mas o meu texto não defende que é uma doença. Se ainda não deduziu isso a prtir do texto, digo-lhe que não acho que seja uma doença. O que nõ me força a achar que é normal. O achar que é bom ou mau é que já será da esfera dos valores morais.
Pedro,
o conceito de preferência (usado numa acepção mais económica) é , a meu ver, bastante correcto e abrangente para abarcar outras orientações sexuais para além da homossexualidade.
Pedro, não acho que a homossexualidade deva ser "tratada" pois não considero que se trate de uma doença.
Mesmo a obesidade ser uma doença é um pequeno luxo de países ricos que precisam de adjectivar para forçar os Sistemas de Saúde a "tratar" gratuitamente os cidadãos. De qualquer modo, segundo sei (e espero), um obeso só se submete a tratamentos se assim o entender. Não me choca que um homossexual, se assim o entendesse e fosse possível, se pudesse submeter a terapia para deixar de o ser (ou o contrário, se algum heterossexual assim o desejasse). Não acho que só é homossexual quem quer, como não é gordo quem quer, nem sabe fazer integrais múltiplos quem quer. Todos nós temos maior ou menor tendência para tudo, fruto das nossas circunstâncias genéticas e ambientais. Porém, e salvo eventuais situações extremas, isso não nos isenta das escolhas que fazemos todos os dias, sejam comer um balde de gelado e uma tarte de maçã, depois de um Supermenu Big Mac, seja alinhar em experiências homossexuais depois de ver um filme porno menos ortodoxo.
Acho também que a investigação científica ainda nos dará muitas respostas no futuro, não faço ideia de quais, mas não devemos à partida criar dogmas nesta matéria, assumindo que a orientação sexual de um indivíduo é branca ou preta.
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