21 novembro 2007

É desancar, meus caros. É desancar...


Na semana passada saiu um artigo na Visão dedicado à fanchonice. Entrevistaram-se vários especialistas na matéria e apareceu a senhora Margarida Cordo - que não é uma estranha no assunto - a dizer que a paneleirice é uma doença. Que é uma doença já eu demonstrei aqui e não é novidade nenhuma. Podiam-se ter feito diversas críticas a esta abordagem como, por exemplo, o facto de as convicções morais e políticas interferem muitas (tantas!) vezes no trabalho e no discurso científico. Mas não. A rabicheza e malta das artes e espetáculo assanhou-se logo e apressou-se a demonstrar que isso é estúpido e atrasado porque está mal e é feio. O Hermano Giuseppe até insinua que Christian Andersen, Tchaikovsky, Baden-Powell, Jodie Foster, entre outros não seriam o que são se não fossem homossexuais. Não sabia que o grau de paneleirice agora era considerado elemento essencial para a genialidade. Isso significa que Picasso e Klimt - esses marialvas - não passam de uns amadores ao pé de um Da Vinci ou de um Andy Warhol; ou que a genialidade de Tchaikovsky advém da largura da sua anilha - quem sabe se não foi buscar inspiração para a sua Sinfonia Patética quando se viu no espelho numa noite tórrida; ou que a Jodie Foster encanta público e crítica graças ao ar guloso com que olha para as gajas . Pela mesma ordem de ideias todos os surdos deveriam ser geniais compositores.
Tudo bem que a malta tem de respeitar as opções preferências sexuais menos convencionais - desde que estas apenas envolvam adultos responsáveis e em total liberdade - e que ninguém se deve sentir inferior (ou superior) por isso. Não venham é armar-se em amélias ofendidas de cada vez que alguém ache isso não é natural ou simplesmente tenha um prespectiva moral oposta.

9 Commets:

Blogger Unknown said...

Sem pretender ser uma amélia ofendida, permita-me apenas uma correção, a homossexualidade não é uma opção.

2:09 da tarde  
Blogger NC said...

pedro,

já está corrigido.

2:57 da tarde  
Blogger Unknown said...

Ninguém prefere ser homossexual.

Acho que é um bocado como a cor dos olhos, o tipo de cabelo ou a estatura que se tem.

"Orientação sexual" penso ser uma expressão que se adequa mais ao contexto.

12:37 da tarde  
Blogger Diogo Almeida said...

Peço desculpa mas, mesmo existindo predisposição genética, não deixa de ser uma opção (ou preferência, como optem ou prefiram). É uma opção condicionada, mas todas as nossas opções são mais ou menos condicionadas, endógena ou exogenamente. Existem maior ou menor propensão genética e social para ser alcoólico, gordo e viciado em tabaco, por exemplo.
Eu, por exemplo, tenho uns quantos quilos a mais, coisa que o meu querido paizinho também tem e com fartura. É orientação metabólica? Se considerarmos por orientação o carácter genético, talvez. Mas os genes, tirando excepções extremas, não são donos e senhores do nosso futuro. As nossas êscolhas ao longo da vida também têm um papel importante a desempenhar e que não pode ser negligenciado, por mais que o Fado faça parte da nossa cultura.

2:47 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro Diogo,

Evidentemente que a genética não explica tudo, nem sequer argumentei nesse sentido.

Acho que não foi feliz no exemplo da obesidade (acho que é classifcada como doença pela OMS), mas presumo então que "optou" ou "preferiu" ter uns quilinhos a mais.

Deduzo pelos seus argumentos que considera que "homossexualidade" pode ser "tratada" (á semelhança da obesidade) e só é homossexual quem "quer", "prefere" ou "opta" ser homossexual.

Na hipotese remota de a minha opinião lhe interessar, deixe-me dizer-lhe que está redondamente enganado.

11:47 da manhã  
Blogger /me said...

Não é a mesma coisa ter uma perspectiva moral oposta e classificar a homossexualidade de doença.

1:33 da tarde  
Blogger NC said...

Mas o meu texto não defende que é uma doença. Se ainda não deduziu isso a prtir do texto, digo-lhe que não acho que seja uma doença. O que nõ me força a achar que é normal. O achar que é bom ou mau é que já será da esfera dos valores morais.

2:47 da tarde  
Blogger NC said...

Pedro,

o conceito de preferência (usado numa acepção mais económica) é , a meu ver, bastante correcto e abrangente para abarcar outras orientações sexuais para além da homossexualidade.

2:50 da tarde  
Blogger Diogo Almeida said...

Pedro, não acho que a homossexualidade deva ser "tratada" pois não considero que se trate de uma doença.
Mesmo a obesidade ser uma doença é um pequeno luxo de países ricos que precisam de adjectivar para forçar os Sistemas de Saúde a "tratar" gratuitamente os cidadãos. De qualquer modo, segundo sei (e espero), um obeso só se submete a tratamentos se assim o entender. Não me choca que um homossexual, se assim o entendesse e fosse possível, se pudesse submeter a terapia para deixar de o ser (ou o contrário, se algum heterossexual assim o desejasse). Não acho que só é homossexual quem quer, como não é gordo quem quer, nem sabe fazer integrais múltiplos quem quer. Todos nós temos maior ou menor tendência para tudo, fruto das nossas circunstâncias genéticas e ambientais. Porém, e salvo eventuais situações extremas, isso não nos isenta das escolhas que fazemos todos os dias, sejam comer um balde de gelado e uma tarte de maçã, depois de um Supermenu Big Mac, seja alinhar em experiências homossexuais depois de ver um filme porno menos ortodoxo.
Acho também que a investigação científica ainda nos dará muitas respostas no futuro, não faço ideia de quais, mas não devemos à partida criar dogmas nesta matéria, assumindo que a orientação sexual de um indivíduo é branca ou preta.

3:05 da tarde  

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