Mais valia porem o horóscopo
Os media conseguem ser bastante maus na divulgação de matérias científicas. A falta de conhecimentos na matéria, leva à ignorância das questões relevantes, que leva à futilidade cognitiva, que leva a questões parvas.
Nesta notícia no Público (versão on-line) fala-se da observação indirecta de um sistema planetário em torno da estrela 55 Cancri. Segundo se lê, os cientistas avançam que o planeta, tendo uma massa 45 vezes superior à da Terra, pode ser de natureza gasosa. Tudo bem. Os cientistas terão dado o exemplo de Saturno que é, de facto, um planeta gasoso. Podiam ter dado o exemplo de Júpiter, Úrano ou Neptuno (que até é mais semelhante com o novo planeta em termos de massa). Mas optaram - sem objecções - por dar o exemplo de Saturno. Podendo ser um planeta como Saturno também pode ter luas como nosso anelado planeta. Pois pode. Mas qual é o interesse? E acrescenta-se que nesses satélites poderá haver água sobre a superfície rochosa. Pois pode - a água é relativamente abundante no Universo, os cometas são consituídos por água, há satélites naturais onde pode ser encontrada água - mas qual é o interesse? E diz a cientista que a água pode estar em estado líquido. Pois pode. E o que torna essa remota possibilidade interessante?
Pois digo eu que não tem interesse nenhum. A hipótese de existência de água em estado líquido num satélite em torno desse planeta assenta em 3 pressupostos com um determinado grau de probabilidade que diria que será razoavelmente baixa: i) a existência de uma ou mais luas ii) a existência de água iii) e a existência de condições de temperatura relativamente constantes que normalmente implicam a existência de uma atmosfera.
Depois, o dito sistema planetário está a mais de 40 anos luz da Terra. A hipótese de que algo a 40 anos-luz possa ser visitado ou explorado directamente é ainda muuuuito remota e portanto nada do que lá exista nos poderá ser útil.
No desejo de tornar a notícia apelativa, o jornal, a agência noticiosa ou os cientistas entrevistados debitaram uma série de balelas de interesse e veracidade duvidosa. Quem esteja um pouquinho mais informado sobre astronomia (tipo eu) percebe logo que a notícia é desinteressante. O jornalista, que era suposto perceber minimamente daquilo que escreve, não parece ter tido essa "intuição". Compreende-se que a simples notícia da descoberta de um planeta fora do sistema solar já não cause grande espanto uma vez que não há mês que passe que não se descubra um planeta extra-solar. Vai sendo preciso mais alguma coisa para chamar a atenção. Marketing científico, portanto. Também podiam ter dito que o novo planeta pde ter anéis mais bonitos que os de Saturno mas isso seria fútil demais.
Nesta notícia no Público (versão on-line) fala-se da observação indirecta de um sistema planetário em torno da estrela 55 Cancri. Segundo se lê, os cientistas avançam que o planeta, tendo uma massa 45 vezes superior à da Terra, pode ser de natureza gasosa. Tudo bem. Os cientistas terão dado o exemplo de Saturno que é, de facto, um planeta gasoso. Podiam ter dado o exemplo de Júpiter, Úrano ou Neptuno (que até é mais semelhante com o novo planeta em termos de massa). Mas optaram - sem objecções - por dar o exemplo de Saturno. Podendo ser um planeta como Saturno também pode ter luas como nosso anelado planeta. Pois pode. Mas qual é o interesse? E acrescenta-se que nesses satélites poderá haver água sobre a superfície rochosa. Pois pode - a água é relativamente abundante no Universo, os cometas são consituídos por água, há satélites naturais onde pode ser encontrada água - mas qual é o interesse? E diz a cientista que a água pode estar em estado líquido. Pois pode. E o que torna essa remota possibilidade interessante?
Pois digo eu que não tem interesse nenhum. A hipótese de existência de água em estado líquido num satélite em torno desse planeta assenta em 3 pressupostos com um determinado grau de probabilidade que diria que será razoavelmente baixa: i) a existência de uma ou mais luas ii) a existência de água iii) e a existência de condições de temperatura relativamente constantes que normalmente implicam a existência de uma atmosfera.
Depois, o dito sistema planetário está a mais de 40 anos luz da Terra. A hipótese de que algo a 40 anos-luz possa ser visitado ou explorado directamente é ainda muuuuito remota e portanto nada do que lá exista nos poderá ser útil.
No desejo de tornar a notícia apelativa, o jornal, a agência noticiosa ou os cientistas entrevistados debitaram uma série de balelas de interesse e veracidade duvidosa. Quem esteja um pouquinho mais informado sobre astronomia (tipo eu) percebe logo que a notícia é desinteressante. O jornalista, que era suposto perceber minimamente daquilo que escreve, não parece ter tido essa "intuição". Compreende-se que a simples notícia da descoberta de um planeta fora do sistema solar já não cause grande espanto uma vez que não há mês que passe que não se descubra um planeta extra-solar. Vai sendo preciso mais alguma coisa para chamar a atenção. Marketing científico, portanto. Também podiam ter dito que o novo planeta pde ter anéis mais bonitos que os de Saturno mas isso seria fútil demais.
5 Commets:
deixa tarzan. A hipóteses que atiram para os dois triliões de planetas no Universo. É uma fonte inesgotável para notícias.
E a questão da água é sempre a mesma. A vida como a conhecemos na Terra pode existir em planetas com água, e os jornalistas gostam de, sem mentir, deixar no ar esta hipótese remota.
Quando eu era jornalista, dizia-me o director do jornal: "evitem escrever o verbo poder nas vossas notícias. Poder, no limite pode-se tudo".
Exemplo de notícias verdadeiras:
- benfica pode fundir-se com Sporting
- Cavaco pode mudar de sexo
- Bush pode abraçar Bin Laden
- Tarzan pode deixar a selva
;)
gde abr.
As pessoas interessam-se por assuntos que tenham a ver com a sua vida, com as coisas que conhecem, com o seu dia a dia. Mesmo coisas que tenham a ver com tudo isto mas que só tenham consequências daqui a uns anos já não interessam às pessoas.
Os jornalisatas têm de dar as notícias e têm de as dar de forma a torná-las interessantes senão os espectadores mudam de canal. Então uma solução é antropomorfizar a notícia. Falar de água, sugerir a possibilidade de vida, é uma maneira de o conseguir.
Os documentários sobre a natureza usam intensivamente a mesma técnica - toda a análise dos comportamentos animais é estabelecida sempre em referência aos hábitos humanos. Isso dá uma ideia muito errada da realidade, é perigoso porque dá a certos comportamentos sociais como que um aval da natureza.
Quando oiço notícias referentes ao cosmos dá-me logo vontade de mudar de canal, irrita-me tal como ao Tarzan; o mesmo com esses documentários; mas, a sangue frio, sou obrigado a reconhecer que se os documentários fossem rigorosos do ponto de vista científico não interessariam a quase ninguém, não teriam audiências, logo, não haveria orçamento para eles; o mesmo com as notícias do cosmos.
Por isso, documentários e notícias de coisas que não afectam o dia de hoje ou de amanhã têm de ser enchidos de elementos antropomorficos, mágicos, religiosos.
Tarzan:
"i) a existência de uma ou mais luas ii) a existência de água iii) e a existência de condições de temperatura relativamente constantes que normalmente implicam a existência de uma atmosfera."
Suponho que a existência de uma força gravítica semelhante à da terra é condição fundamental para manter uma atmosfera .. ou a velocidade a que os átomos gostam de 'saltitar' ultrapassará a velocidade de escape.
Claro que pode haver água no estado sólido, mas isso quebra a cadeia de "pode" do jornalista.
Mesmo assim o jornalista podia ter ido mais longe. Podia ter dito que o desenvolvimento tecnológico que permite a observação deste tipo de planetas poderá conduzir à descoberta da cura para o cancro. Eles também gostam muito desta.
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Olha olha !!! Nem tinha reparado que a estrela de chama '55 Cancri'. Cancri, pois claro. Pode certamente ajudar à descoberta da cura para o cancro.
Poder pode, e, neste caso, está mesmo a ver-se.
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LOL!!!
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