25 outubro 2006

A irresponsabilidade de quem governa

Voltei! O agrafador magoa mas não serve para cortar os pulsos.

Ainda a propósito da posta anterior, a irreponsável medida do ministro adiar o abatimento do défice tarifário só demonstra que os políticos são um reflexo do próprio país. Um país que vive a crédito e pensa a crédito.
ADENDA: Com a substancial diferença de que os erros da sua decisão não lhe irão sair do bolso.

É irresponsável porque parte de persupostos muito irrealistas que acabarão por avolumar o problema. Suponhamos que:

- Os custos de produção de energia eléctrica se agravaram 10% em 2006 (não sei se foi mais ou menos);
- Inflação será de 3% ao ano até 2016 que será também a taxa nominal de crescimento dos preços da electrcidade;
- Os combustíveis aumentarão 0,5% abaixo da inflação (que baixassem em termos reais);
- Crescimento da procura será cerca de 1000 GWh ao ano (em 2005 esta cresceu 2500)
- O défice tarifário era nulo em 2005;

O gráfico seguinte mostra a evolução dos preços e custos por MWh e a evolução do défice que se gera com os pressupostos acima referidos:


Raciocínio simples, continhas de cacaracacá... Ou seja, só com pressupostos muito irrealistas é que as medidas anunciadas poderiam ter algum efeito positivo ao fim de 10(!!) anos. Tornando os pressupostos mais realistas, a coisa só piora e não é pouco. E não estou a contar com o peso crescente da eólicas (pagas a peso de our... hem... petróleo) no parque produtor nacional.

Por este andar, passaremos a ter dois monstros: o défice estatal e o défice tarifário.