22 julho 2006

Liberalismo - essa novidade

Nos últimos três anos a blogosfera tem permitido a divulgação das ideias da corrente liberal. Esta “nova” visão política e social do mundo tem estado tão afastada do debate político – quer à esquerda quer à direita – que aparece aos olhos de muitos (eu incluo-me nos “muitos”) como uma espécie de novidade. O liberalismo afirma-se por oposição ao estatismo – uma sociedade que depende da iniciativa dos indivíduos que a compõem vs. uma sociedade que depende da iniciativa estatal. Com base nesta distinção, concluo sem grandes dúvidas que Portugal se insere na primeira – um povo sem grande iniciativa e que espera um salvador (D. Sebastião) que tome conta do seu destino.

O liberalismo parte da premissa de que os indivíduos, deixados a si mesmos, conseguem resolver os problemas de uma forma globalmente eficiente e justa. No fundo, o melhor amigo do Homem é o Homem. No pensamento económico Adam Smith foi o primeiro a enunciar este princípio e a constatar a realidade da “mão invisível”. A “mão invisível” é uma “força” social que faz com que a sociedade, por si só, não caia no caos; em que cada indivíduo na defesa dos seus objectivos individuais e egoístas tem interesse que outros também os atinjam – eu pago a conta da mercearia porque se não o fizer amanhã o vendedor recusar-se-á a vender-me o que quer que seja. Potencialmente, através da mão invisível a sociedade não precisaria de qualquer autoridade. Aqui já entramos, é claro, no campo da utopia.

No lado oposto, a corrente “estatista” parte da premissa que o Homem é o pior inimigo do Homem e que dele precisa de ser protegido. Os mais fortes tendem a subjugar os mais fracos criando um equilíbrio de forças que leva a que exista uma classe exploradora e uma classe explorada. Como tal, é necessário um Estado que vigie e tutele toda a actividade social para evitar a depredação e a sua consequente extinção. Foi a partir desta leitura da realidade que nasceram as correntes filosóficas de Marx e Engel. Potencialmente, um Estado omnisciente tratará de criar todas as condições necessárias para que nenhum dos indivíduos tenha de explorar ou subjugar outros indivíduos. Novamente, estamos no campo da utopia.

Pessoalmente não acredito em fórmulas mágicas, modelos ou Estados omniscientes pelo que acho que as mudanças sociais e culturais terão sempre de nascer por dentro: da vontade, da consciência e, principalmente, do ENTUSIASMO dos indivíduos. Exemplo: nenhum decreto-lei teria originado a proliferação de bandeiras que se viu no último Europeu e Mundial de futebol. Se não houvesse entusiasmo por parte do povo, memso o apelo de Scolari teria ficado por ali mesmo.

Acredito mais numa sociedade que se apoia na sua própria capacidade de resolver os seus problemas do que no voluntarismo estatal. Mas também constato que estamos muito longe de ter condições para alterar esta mentalidade mas felizmente, e graças à blogoesfera, iniciou-se um debate de ideias “novas” e que, por vezes, escandalizam. Independentemente de terem algum efeito imediato já valeu a pena por ter proposto uma reflexão política e social, ter posto muita gente a pensar e abrindo novas perspectivas (aqui falo mais por mim).

2 Commets:

Anonymous Anónimo said...

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Anonymous Anónimo said...

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