13 julho 2006

O meu órgão é maior que o teu!





Pois é! Quem lê blogues tem de se habituar a aturar algumas pancas dos seus autores. A minha tem a ver com órgãos de tubos (passe a redundância). Volta e meia, sou capaz de vos secar com uns artigos relativos ao assunto por isso… considerem-se avisados.

Aproveito esta oportunidade para divulgar um projecto pessoal: o site Órgãos de Portugal. Este projecto é fruto de pura carolice e de, em consciência, achar que também tenho um papel a desempenhar na divulgação e preservação do património histórico e artístico do nosso país. Felizmente não estou só e existe, pelo menos, mais um projecto semelhante ainda que integrado num contexto muito mais abrangente de divulgação musical: trata-se da Meloteca.

Para contextualizar o leitor rapidamente: existe uma tipo de organaria muito próprio na Península Ibérica e que remonta aos séculos XVI, XVII e, principalmente, XVIII. As características predominantes desta organaria, e que a diferencia do resto da Europa, são o teclado partido (a possibilidade de se escolherem timbres diferentes para as metades esquerda e direita do(s) teclado(s) ) e a predominância de tubos em chamada (cones ressoadores montados na horizontal e, por vezes, bastante vistosos). Dentro da organaria Ibérica existe, naturalmente, a portuguesa e a espanhola. As diferenças estéticas e sonoras devem-se à influência recebida por cada uma delas. No caso de Portugal é notório o seguimento dos padrões existentes nos Países Baixos enquanto em Espanha o modelo inspirador é o italiano. Todas as especificidades que encontramos neste tipo de instrumentos estão sempre relacionadas com o gosto do público da época.

Actualmente, com algumas excepções (principalmente nos grandes centros urbanos), o património organístico encontra-se ao abandono. Público e (talvez por consequência) Estado estão-se “borrifando” para órgãos. Neste caso, acho que o público ainda se está mais a “borrifar” que o Estado, mas enfim… Curiosamente, e porque o problema não é de hoje, esta situação teve efeitos positivos: como ninguém lhes pegou durante décadas e séculos, Portugal tem uma enorme percentagem (talvez a maior da Europa) de órgãos em estado original e com materiais da época em que foram construídos. O reverso da moeda é que muitos deles arderam, foram saqueados ou simplesmente apodreceram. Navegando no site podem ficar com uma boa ideia do que há de bom e mau por aí.

Talvez um dia se torne comum o cenário (espectacular) de ver concertos de órgão repletos de gente tal como acontece todos os anos no Festival de Órgão de Lisboa.

Pancas!

1 Commets:

Anonymous Anónimo said...

I say briefly: Best! Useful information. Good job guys.
»

5:09 da tarde  

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