04 março 2008

Racionalidades II


No caso da posta de Paulo Gorjão falava-se dos incentivos para optar por equipamentos ecológicos. Acha o Paulo Gorjão que não opção por equipamento de equipamentos ecológicos se deve à falta de incentivos uma vez que a poupança gerada ao optarmos por lâmpadas compactas não é suficiente para gerar alteração da decisão de compra. Eu argumento que pode não ser bem assim. Pode dar-se o caso de a poupança existir e, não sendo tremenda, ser significativa. Se os consumidores fossem confrontados com os factos puros e duros imediatamente antes do acto da compra certamente que muitos tomariam a decisão “desejável”. Isso vem demonstrar que Existem outros factores que interferem na tomada de decisão. A intensidade de exposição à informação relevante (custos\benefícios), o seu equilíbrio, a quantidade de ruído presente na informação, os canais utilizados, etc…

Outro exemplo. A explicação para a existência de filas intermináveis nas bancas do euromilhões/totoloto no último dia disponível para registo das apostas. Este “guardar tudo para a última” pode também explicação nas questões de percepção e preferências. Repare-se. A maioria das pessoas regista o boletim de apostas num quiosque, tabacaria ou café que se situa no trajecto casa-emprego ou muito próximo desse trajecto. Se passam por lá todos os dias, porque é que optam por ir quase todos registar as apostas na sexta-feira, dia em que o fim-de-semana começa (em que o tempo é, à partida mais valioso) e em que já sabem que vai haver mais gente, logo com maiores perdas de tempo?

A primeira razão pode ter a ver com falta de memória. Se não temos bem presente o custo que implica guardar para sexta-feira, há um desequilíbrio na tomada de decisão. Isso pode ter também a ver com a organização mental e a forma de encarar a vida. Se encararmos a nossa vida no muito curto prazo, facilmente tendemos a esquecer algumas das consequências das decisões num futuro mais longínquo (que pode ser de dois ou três dias). Na ocasião diária em que as pessoas passam à frente do quiosque antes de terça-feira e ponderam a hipótese de registar o totoloto apenas ponderam o custo que essa decisão terá no imediato (chegar mais tarde ao emprego ou a casa) e têm alguma dificuldade em actualizar o custo que irão sentir na sexta-feira.

1 Commets:

Blogger alf said...

Mais um belo exemplo! A consciência das generalidade das pessoas está limitada aos seus interesses directos e tem horizontes temporais muito curtos.

E isso é continuamente usado para levar as pessoas a fazerem o que se pretende. Na realidade, não interessa que as pessoas tenham um entendimento muito profundo, horizontes largos, e muito menos memória - quer-se que as pessoas obedeçam a estimulos simples e directos.

2:36 da manhã  

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