26 julho 2007

Teorias Económicas

O Alf da outramargem (um blogue amigo), colocou esta posta acerca da distribuição de rendimentos. Conclui ele que quanto menos população activa houver melhor estarão os agentes que pertencem a essa população. O raciocínio é simples: admitindo uma população constante e taxa de imposto equivalente a 1/3 do PIB, se se variar a taxa da população inactiva, o rendimento per capita dos "activos" aumenta enquanto que a dos inactivos diminui. Conclui então que a diminuição da população inactiva é um falso problema.

Na minha opinião, apesar de as contas estarem correctas, a conclusão é forçada. Forçada porque admite que o PIB é sempre o mesmo, independentemente da taxa de população activa. Ora, para que isso fosse verdade, a produtividade (a quantidade de riqueza gerada por cada agente da população activa) teria de crescer. Ora a produtividade, que eu saiba, não é função da taxa da população activa mas sim do seu nível educacional, do desenvolvimento tecnológico e da capacidade de formação de capital. Para que fosse possível manter o mesmo PIB com diversos níveis de taxas de população activa, a produtividade teria de evoluir do seguinte modo:
Ou seja, a produtividade teria de ser uma função (exactamente) inversa da taxa de população activa (a derivada seria de -1/X^2). Isso implicaria que, quando a taxa passa de 0.5 para 0.4, a produtividade teria de aumentar em 25% o que, cá para mim, é "puxadote". E com a agravante de quanto mais baixa for a taxa de população activa mais ter de se incrementar a produtividade para manter os mesmos padrões de riqueza.

1 Commets:

Blogger alf said...

Como variará a produtividade com a taxa de população activa? Ora aí está uma questão complicada. E a resposta não é única, depende da população, da sua formação.

Por exemplo, o número de portugueses que trabalhava na agricultura diminuiu umas dez vezes nos últimos anos. Que aconteceu à produção agrícola? Se se pretendesse manter essas pessoas todas na agricultura, como estariamos hoje de agricultura?

A minha experiência profissional em Portugal diz-me que em cada local de trabalho existem umas quantas pessoas que estão lá porque querem, porque querem fazer coisas, e existem outras que estão lá porque precisam do ordenado mas não estão nada interessadas no que fazem. Em Portugal, se essas pessoas fossem para casa, a produtividadse aumentava mais do que a diminuição de activos.

O mesmo não se pode dizer de países como a Dinamarca, porque na Dinamarca a generalidade das pessoas está interessada no que faz, e habilitada para isso.

Portanto, a relação entre produtividade e taxa de activos tem sobretudo a ver com a organização do trabalho e a preparação das pessoas.

Esta é outra variável e para a conhecermos teriamos de fazer como eu fiz para saber a relação entre rendimentos de activos e taxa de actividade - construir cenários em que só um parâmetro variasse.

7:02 da tarde  

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