Gustav Leonhardt toca Buxtehude
(Prelúdio em Sol menor BuxWV163. Órgão da Nieuwe Kerk, Amsterdão)
Curioso encontrar um vídeo do "pai" da interpretação "hisóricamente informada" de música antiga para tecla, tocando precisamente um compositor que foi, em grande medida, "pai" da música para tecla de Johann Sebastian Bach. O jovem Bach, tendo já tido certamente algum contacto com a música de Buxtehude, pede uma licença de 1 mês para ir aprender com o Mestre na cidade de Lübeck (a 300 km de onde ele se encontrava). Fez a viagem a pé (verdade ou lenda?) e demorou-se por lá 3 meses. O resultado parece óbvio quando se compara a música de ambos.
Buxtehude é talvez o expoente máximo do stylus phantasticus na sua época. O "estilo fantástico" consiste numa abordagem altamente virtuosística e caprichosa do instrumento de tecla, com resultados espetaculares na literatura para o órgão. Na prática, traduz-se em passagens musicais de grande dificuldade técnica, muita alternância de teclados, mudanças bruscas de temperamento musical e utilização plena das possibilidades sonoras do instrumento. Tudo isto pode ser visto neste vídeo de excelência. O prelúdio começa por um trecho tocado com uma registação plena (muitos registos a serem tocados ao mesmo tempo) que pára quase abruptamente para dar lugar a uma pequena fuga trecho em compasso de dança, tocado no teclado superior (com menos registos). O trecho musical é interrompido novamente para outra pequena secção em estilo improvisatório e que desemboca numa nova fuga, desta vez mais elaborada. A fuga termina em suspenso dando lugar a um trecho virtuosístico com bastantes trocas de teclado. Volta uma fuga em ritmo de dança que vai crescendo em bravura e que termina de forma surpreendente esta peça.
2 Commets:
Parabéns tanto pelo texto quanto pelo vídeo. G.Leonhardt é "o" cara. Faz pouco tempo que entrei no mundo infinito de sons da registação. Tenho aqui o Vol.3 da integral de orgão do Bux pelo organista Bine Bryndorf, voce conhece?
Não conheço nem a colecção nem o intérprete. Já tenho a integral gravada por Harald Vogel - excelentes órgãos, bom som, informação detalhada acerca dos órgãos e obras, interpretação muito chata nos corais, aceitável nas peças livres - e estou a coleccionar a integral que está a ser editada pelo Ton Koopman - O meu intérprete favorito embora tenha de admitir que por vezes exagera na ornamentação e na velocidade.
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