10 janeiro 2007

O aquecimento global não mora cá(?)

Querendo contribuir para o debate acerca do aquecimento global, aqui vai um trabalho caseiro mas que creio ser muito elucidativo.

Tive acesso à medição das temperaturas médias diárias em 4 pontos distintos e representativos do país: Porto, Bragança, Lisboa e Faro entre1 de janeiro de 1941 e 31 de Dezembro de 2006 (66 anos, portanto).


Os gráficos oscilam em torno de pontos médios diferentes: em torno dos 17 graus no caso de Lisboa e Faro, 15 graus no Porto e 12 no caso de Bragança. Aparte disso, as trajectórias revelam-se muito semelhantes e com uma variabilidade que é estável ao longo do período de amostragem. A partir dos gráficos também não é possível concluir pela existência de uma tendência de aumento ou diminuição da temperatura média. Tal pode dever-se ao "ruído" existente nos dados já que a banda de variação é muito larga (30 a 35 graus) e o aquecimento global mede-se em décimas de grau.

O que fiz foi alisar os gráficos recorrendo a uma técnica com um nome complicado (Natural Cubic Spline) mas que permite aferir acerca da existência de eventuais tendências. Exemplificando para o caso do Porto:


As figuras estão ordenadas por ordem crescente de alisamento, da esquerda para a direita e de cima para baixo. No primeiro gráfico deixei ficar os dados originais para ter um ponto de comparação. alisamento do primeiro gráfico permite-nos ter a noção da variabilidade sazonal das temperaturas. Os restantes gráficos vão dando, progressivamente a noção de tendência. Para os restantes pontos do país:


Os quatro gráficos parecem em tudo idênticos e nenhum deles permite afirmar que exista alguma tendência significativa quer no sentido ascendente quer descendente em qualquer parte da amostra recolhida. Ainda assim decidi estimar a tendência linear (regressão linear das temperaturas em função do tempo) e os coeficientes estimados, estatisticamente significativos a 1%, apontam para uma tendência positiva das temperaturas em todos os postos de medição. A variação anual da temperatura situa-se entre os 0,02ºC e os 0,01ºC ao ano, donde se conclui que a temperatura terá aumentado, em Portugal, entre 0,7ºC e 1,2ºC nos últimos 66 anos. Estatísticamente comprovei que a temperatura se encontra numa trajectória ascendente.

O que acontece é que a tese vigente refere que o aquecimento global está fortemente correlacionado com a actividade industrial e humana. Se tal fosse verdade esperar-se-ia um maior incremento nos anos mais recentes comparativamente com os anos mais remotos (uma trajectória do tipo exponencial) o que, claramente, não acontece. Fica então a pergunta: será que o aquecimento global não mora cá?

PS: Volto a lembrar que nos anos 70 se temia uma nova era do gelo e que as causas atribuídas eram as mesmas que hoje se atribuem ao aquecimento global