Olhe que não, sotôr. Olhe que não!
No debate de ontem sobre o 11 de Setembro no "Prós e Contras", Mário Soares considerou os americanos uns fanáticos comparáveis aos existentes no Médio Oriente. Para fundamentar a sua opinião encontrou o exemplo de membros do governo que rezam antes de cada sessão governativa (segundo este post, governo americano é algo que não existe- Soares deveria querer dizer senadores(?) ). As perguntas que eu faria a Mário Soares seriam: Em qual dos países acha V. Exa. que seria mais provável tornarem obrigatória a oração antes de uma sessão governativa: EUA ou Irão? que diferença acha V.Exa. que existiria se um senador americano se recusasse a rezar ou um "senador" iraniano se recusasse a rezar?
Na minha opinião o fundamentalismo não existe só pelo facto de um grupo de pessoas professar uma crença religiosa e a levar a sério. Há fundamentalismo quando um grupo de pessoas impõe as suas crenças religiosas aos demais, coagindo-as no caso de não demonstrarem adesão às suas convicções. Por essa razão acho abusivo, por parte do sr. Soares o rotulamento de fanáticos religiosos aos americanos no geral. Já não consideraria desadequado se se estivesse a referir a indivíduos que assassinam pessoas que praticaram abortos ou a médicos que os realizam.
Existe uma grande confusão, no discurso de Soares (e não só) entre laicismo e anti-religiosidade. Laicismo é um conceito que garante que o Estado não possa interferir em questões religiosas nem que as religiões possam interferir na actuação do Estado. Neutralidade entre religião e Estado. Isto sem prejuízo que cada um deles desempenhe as suas funções (o Estado emana lei que deverá ser respeitada por todos, inclusive as igrejas; o Estado não deverá interferir nas actividades dos fiéis desde que estas se insiram na esfera privada). Tal também não deverá impedir que Estado e Igrejas opinem livremente acerca do funcionamento umas das outras.
No discurso de Soares há um forte cunho anti-religioso, onde a religião é o "ópio do povo" e (começa a ser) fonte de todos os males. Quanto mais religião pior e existe um rol de factos históricos a demonstrá-lo. Eu acho, isso sim, que os períodos mais negros das religiões ocorrem quando estas se confundem com PODER. Quando isso acontece, quem está no PODER acha-se quase sempre dono de uma verdade absoluta e só uma sociedade à sua imagem será perfeita. Como resultado são impostos coercivamente um conjunto de valores e quem não os seguir ou os combater é eliminado. Resultado: perda de liberdade. Como já aconteceu com a religião também aconteceu com ideologias, utopias e racismo.
O sr. Soares teme que o governo de um país caia nas mãos de um grupo com interesses obscuros? Aí não deve mandar muitas pedras, pois se há organização obscura à qual o sr. Soares pertence é a Maçonaria. Nesse contexto é natural que o sr. Soares faça um combate por afastar tudo o que não seja influência maçónica no poder (deve ter tomado muitos Kompensans quando Guterres foi 1º ministro).
A própria constituição política americana nasceu da necessidade de cada um poder viver e expressar a sua religião livremente, algo que não era possível na Europa dos séculos XVII e XVIII.
Acho, por isso, errado que se combata a expressão religiosa ou ideológica. Acho correcto que não se permita que nenhuma religião ou ideologia obrigue indivíduos a aderirem às suas causas.
4 Commets:
ora muito bem...
A Constituição Americana é elaborada por um conjunto de maçons...!
:)
M. Louro
Uma distinção importante entre fé e fundamentalismo.
incorporem soares no espólio da pedreira do Galinha
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