19 setembro 2007

O Estado a decidir qual a melhor tecnologia é que é!


Na sua cruzada para convencer-nos de que o mercado precisa de ser controlado por iluminados, o Ladrões de Bicicletas mimou-nos com mais um dos seus típicos posts. Nele argumenta-se que as soluções tecnológicas para os teclados e para as cassetes de vídeo e que resultaram do funcionamento do mercado foram as menos eficientes. A intervenção estatal teria evitado todos estes erros e desperdício. Salazar não diria melhor.

No caso das cassetes - VHS vs Betamax - a segunda tecnologia não vingou precisamente porque a Sony não quis abrir a tecnologia ao mercado sonhando ser monopolista no sector das videocassetes uma vez que dispunha de qualidades e capacidades muito superiores ao VHS. O que acabou por acontecer é que o mercado funcionou e foi eficiente penalizando o candidato a monopolista. Porquê? Porque o candidato a monopolista foi muito tecnology oriented (os engenheiros...) e acreditou que o consumidor estaria disposto a pagar bem por uma tecnologia de alto valor. Mas esqueceu-se de fazer uma análise à percepção do valor atribuído pelos consumidores a essa tecnologia. Para quê gastar 10 em duas cassetes Beta de 4 horas quando uma VHS de 8 horas custava 5? Quem deve ter sentido esta questão foram os videoclubes que (oh pecado!) queriam maximizar o seu lucro comprando o mínimo de cassetes ao melhor preço possível. Eu também gostava de ter um carro com a melhor relação peso-potência, só que isso é muito caro. Para isso prefiro o meu boguinhas. Devo ser muito estúpido.

A questão do QWERTY tem tão somente a ver com hábito. Quando se anda a trabalhar com um standard durante muito tempo por ser o mais eficiente, a resistência à mudança (uma característica bem humana) torna-se cada vez maior. Enquanto não se demonstrar - claramente a prática! - que os custos de reaprender num standard diferente são suplantados pelas suas vantagens, ninguém estará interessado em mudar. Pessoalmente, foi a primeira vez que ouvi falar da questão, o que só pode ser sintomático que as perdas de produtividade não devem ser assim tão significativas.

O artigo termina com um caso de uma patente de autocarros eléctricos que não vingou por razões obscuras e fraudulentas. Não tenho tempo agora para investigar esta história. Mas fez-me lembrar a disputa Tesla vs Edison cheio de episódios "tristes" e sabotagens. No final acabou por vingar a tecnologia mais adaptada às necessidades das redes eléctricas e a ideia do todo-poderoso Edison saiu derrotado. Porque o mercado assim o exigiu.