28 novembro 2008

Posta inflamada de atum


Manuel João Vieira afirmou recentemente à Antena 3. «Há pessoas catitas que estão a falar umas com as outras e isso não existia dantes». Há «qualquer coisa no ar». Bem verdade. Acho que há três coisas no ar do tempo: (1) a ideia de uma crise terminal no ciclo de anti-catitismo predatório do país, cujas brutais carências de cálcio corroem os osso e geram níveis de sofrimento ortopédico e de desconfiança sem paralelo na Europa e no Mundo; (2) a constatação de que só um Mundo Catita pode ser hoje portador de um programa de calcificação capaz de inverter este desgraçado ciclo – uma grande responsabilidade intelectual e nutricional para todos; (3) a urgência de forjar encontros e arranjos catitas de alcoolemia variável para um novo «ciclo catita». Isto é um processo de descoberta que passa por iniciativas como as que Tony Barracuda descreve no Jornal das Artes e do Rabisco. Os Lellos deste mundo participarão activamente. Marquem nos vossos filofaxes.

Nota: Prosa chata e políticamente afectada descaradamente plagiada daqui.

25 novembro 2008

Olivier Messiaen (1908 - 1992)

Só para anunciar que, em Lisboa, também se vão celebrar os 100 anos do seu nascimento. Ver mais detalhes aqui.

21 novembro 2008

A ironia

(imagem roubada do Arrastão)

Volto a recordar este texto do Fernando Pessoa, em especial esta parte que me parece muito actual.

«É na incapacidade de ironia que reside o traço mais fundo do provincianismo mental. Por ironia entenda-se, não o dizer piadas, como se crê nos cafés e nas redacções, mas o dizer uma coisa para dizer o contrário. A essência da ironia consiste em não se poder descobrir o segundo sentido do texto por nenhuma palavra dele, deduzindo-se porém esse segundo sentido do facto de ser impossivel dever o texto dizer aquilo que diz. (…) »

Hoje descobri a fórmula secreta da McDonalds

Endro-Anethum graveolens

A ver se para a semana arranjo a da Coca-Cola.

19 novembro 2008

Sebastianismo

A recente amplificação das declarações de Manuela Ferreira Leite torna claro que há um forte sebastianismo na psicologia colectiva portuguesa. Há a clara noção que não se consegue reformar nada no país. Sindicatos e classes profissionais estão mais reaccionários que nunca e são contra todo e qualquer tipo de mudança que não traga almoços grátis. Há a clara noção que a classe política não presta mas, ao mesmo tempo, o messianismo luso acredita que terá de ser um político, e daqueles bons, a vir sanear todos os outros e salvar o país do lodo. Uns pedem um Salazar, outros um Che Guevara, outros um Cromwell, outros ainda um D. Duarte Pio. Mas isto dos regeneradores é um bocado como as histórias de cavalaria: só é bonito nos livros porque a realidade é bem mais triste.

Os génios também o conseguem ser na cretinice I


Richard Wagner foi um marco na música, na arte e na visão do Homem. A profundidade e dimensão das suas obras ultrapassaram tudo até visto então e significaram um avanço de muitos anos na sofisticação da produção artística. Este feito é tão mais impressionante sabendo que, ao contrário do que é costume nestes casos, Wagner não foi um menino-prodígio.

O lado negro de Wagner advém do seu ego. Viveu praticamente toda a sua vida a fugir de credores que sustentavam um estilo de vida muitas vezes luxuoso. São conhecidas cartas em que Wagner praticamente exige aos seus "amigos" que lhe emprestem dinheiro argumentando que esse era um dever moral para com a Humanidade. O parasitismo atingiu o seu apogeu quando conseguiu encantar o rei Ludwig II da Baviera que lhe pagou as dívidas e passou a suportar os seus caprichos que incluiram a construção de um teatro de ópera especialmente desenhado para acolher as suas óperas - o Bayreuth Festspielhaus.
Um dos seus grandes admiradores foi o maestro Hans von Bülow que teve um papel decisivo na divulgação da obra de Wagner e estabeleceu novos padrões da função de maestro de orquestra. Enquanto Bülow trabalhava nos ensaios das óperas de Wagner este enrolava-se com a sua esposa - Cosima - e chegaram mesmo a ter dois filhos antes de Cosima se separar de Bülow.

18 novembro 2008

O presidente-professor


Se houve um mérito do presidente da Républica foi a de ter despertado a curiosidade dos jornalistas, muito deles da área económica, relativamente a essa rubrica das contas nacionais chamada Rendimento Nacional Bruto (RNB) ou, na perspectiva da oferta, o Produto Nacional Bruto (PNB). Finalmente aperceberam-se que existe um indicador que mede a criação de riqueza com base no critério da ncaionalidade e não da territorialidade (caso do PIB). Pelo que se lê nesta notícia, alguns ainda não perceberam que a questão não está em chamar-se "Rendimento" ou "Produto" mas sim no facto de ser "Interno" ou "Nacional". Mas houve sem dúvida um upgrade na literacia (macro)económica. Bem haja, professor.

17 novembro 2008

Maldivas ilhas

Esta semana é possível ler no "The Economist" um artigo satírico a propósito do interesse manifestado pelo presidente das Maldivas, Mohamed Nasheed, em comprar território para realojar os 370 mil habitantes do arquipélago em consequência da suposta subida das águas do mar supostamente provocada pelo suposto Aquecimento Global.

Fui ver. Já em Maio deste ano o Mitos Climáticos abordou este assunto e por sua vez refere fontes de 2004 e anteriores. Segundo o blogue, "[a]s ilhas existem pelo menos desde a última glaciação e estão habitadas há pelo menos 1500 anos. Os seus habitantes sobreviveram ao Período Quente Medieval quando o nível do mar deve ter sido 50 cm a 60 cm mais elevado do que actualmente".
Nível do mar nos últimos 5000 anos em comparação com o nível actual.
(fonte: Mitos Climáticos)


Leitura complementar: CO2: The Greatest Scientific Scandal of Our Time de Zbigniew Jaworowski.

14 novembro 2008

Recomendação para este fim-de-semana e seguintes

("Fado do Barnabé", ao vivo algures em Lisboa)


"Um Mundo Catita" vai finalmente ser transmitido, na RTP2. A não perder as primeiras cenas do primeiro episódio onde contraceno com os magníficos Irmãos Catita, como já aqui tinha referido.

13 novembro 2008

Fusão nuclear


(via Construir Ideias)

Dr. Horácio Fernandes faz um ponto de situação do estado da arte da fusão nuclear.

12 novembro 2008

O caso Bimby - toda a verdade


Vem esta posta a propósito do caso relatado aqui, nesta xafarica quântica.

Este selvático bloguista que vos escreve, numa das suas importantíssimas investigações internauticas não conseguiu descobrir nem uma única opinião negativa acerca da Bimby nem no ciberespaço luso nem em qualquer outro. Nem uma que fosse séria! Pensei logo "aqui há gato" e pus-me a congeminar nas mais diversas teorias da conspiração possíveis. Quando se deu o incidente com a Bimby encontrei logo o pretexto ideal para a) ser o primeiro a dizer mal, a sério, da Bimby b) testar a teoria de que existem Bimmby-espiões que se encarregam de detectar fugas na Matrix e que apagam todos e quaisquer registos negativos sobre o mítico aparelho.

Volvidos 2 meses depois do incidente, nada. Nem uma chamada anónima, nem um e-mail com ameaças à minha integridade física, nem um bug no blogue, nenhum ataque hacker, nem uma invasão da caixa de comentários... Nada! É lixado quando as teorias da conspiração não se conseguem provar.

Ah! O que avariou a Bimby que nos emprestaram foram uma série de flutuações na rede eléctrica.

11 novembro 2008

Mal comparado


Espera-se que a esquerda portuguesa sofra uma desilusão com Obama na mesma medida que a direita está desiludida com Cavaco.

PS: Prometo que não volto a postar mais nada sobre a nossa politiquinha. Este blogue merece mais elevação.

Passagens administrativas

10 novembro 2008

Leituras recomendadas para hoje

"Em defesa da Galp I" e "II" por LR no Blasfémias. Um óptimo complemento às postas que aqui já debitei sobre o assunto.

«Ou seja, as grandes margens do negócio do petróleo não se encontram na fase da refinação, mas a montante, na extracção, facto que, não é pelos vistos do conhecimento dos nossos analistas e dirigentes políticos. São as grandes petrolíferas internacionais, detentoras de concessões de poços há vários anos e com investimentos já efectuados e largamente amortizados, que se vêm locupletando com margens “oceânicas”. O custo para estas de um barril de petróleo varia entre menos de 10 dólares, se proveniente dos poços pouco profundos do Médio Oriente, até um máximo de 30 dólares, se extraído dos locais mais recônditos do Alaska ou da Sibéria.»

Para quando a regulação do mercado da arte?


Para depois não dizerem que nunca ninguém havia clamado pela regulação do mercado da arte quando a bolha especulativa rebentar. Afinal um bem não pode ser avaliado com base em critérios subjectivos. Impúnhamos assim umas regras do tipo: "Sem prejuízo do disposto na alínea h) e i) do número 17, a valorização das peças não deverá exceder o custo das matérias primas justificadas através de documentação legalmente reconhecida, demais encargos de transporte e comissões cobradas pela entidade comercializadora».

Diria então a autoridade reguladora:"Lamento mas o seu Miró não pode ser vendido a mais de 50 EUR mais portes de envio."

Mentiras convenientes


Título:
«Estudo associa linhas de alta tensão a risco de desenvolver Alzheimer»


No corpo da notícia pode ler-se:

«Porém, estes investigadores sublinham que o seu trabalho não permite concluir definitivamente que os campos magnéticos das linhas de alta tensão estejam realmente na origem de um risco acrescido de Alzheimer. Até agora só podem ser avançadas hipóteses sobre o mecanismo que poderá levar os campos magnéticos a aumentar o risco de desenvolver a doença.»

Transforma-se uma não-notícia em notícia escrevendo no título o oposto do que essa não-notícia diz. É o chamado jornalismo das causas.

07 novembro 2008

Umas alegorias para começar o dia

Mercado nada regulado

Mercado pouco regulado

Mercado muito regulado

06 novembro 2008

Moving away from Science?

(via A Arte da Fuga)

No passado dia 4 morreu um senhor. Michael Christon era um negacionista e escreveu o livro State of Fear e compara alguns movimentos activistas pró-ambiente a movimentos religiosos fundamentalistas.

«Are we, as western society, moving away from science? Are we having less and less interest in verifying data?[...] (People) They have less interest in verifying data. They seem more interested in having real certainty about things and more interested in this sort of cohesiveness and this consensus idea»

05 novembro 2008

Já começou...


(recebido por e-mail)

Quizzzz...zzzz..zzzz


Na década de 20 esta senhora tomou a decisão racional de utilizar notas para se aquecer. Sabe o leitor porque é que esta decisão foi racional?

Trouble coming everyday

"Trouble Comming Every Day", Frank Zappa

Um longo caminho se percorreu. Mais de 40 anos...

Critérios


O Público tem de ser mais rigoroso nos critérios jornalísticos dos seus enviados. Fiquei sem saber se na festa de vitória de Obama havia ou não "adolescentes que pareciam estar num baile de debutantes" ou "saltos altos empenados". O Público não foi tão meticuloso na análise da festa de Obama quanto na de McCain. Isso é chato. Assim dá ideia que faltou glamour à festa de Obama.

04 novembro 2008

Uma autêntica surpresa para quem nunca ouviu falar em balanço energético ou ambiental


Automóveis a diesel vencem híbridos

«É uma autêntica surpresa, mas os números não enganam: em termos globais, os carros a diesel consomem menos energia e têm menos emissões de dióxido de carbono (CO2) que os híbridos (gasolina/motor eléctrico).
A conclusão consta de um estudo do Departamento de Transportes, Energia e Ambiente do Instituto Superior Técnico (IST) sobre a avaliação energética e ambiental de veículos ligeiros em ciclo de vida total. Este ciclo inclui o fabrico, desmantelamento e reciclagem do automóvel; o consumo de energia na produção e distribuição do combustível desde o poço de petróleo até ao depósito; e o consumo de energia entre o depósito do automóvel, o motor e as rodas.»
(via Economia & Finanças)
Nota: bolds da responsabilidade do editor de texto do blogger


Aos ambientalistas, ainda assim, custa-lhes abdicar dos seus dogmas.

«Francisco Ferreira tem dúvidas em relação às conclusões do estudo do IST, argumentando que "as estimativas mais conhecidas quanto ao consumo de combustível dizem que os híbridos têm uma vantagem de 20% em relação aos carros a gasolina e andam a par nos carros a diesel"»

Não é difícil encontrar exemplos flagrantes em que se demonstrou que há muitos veículos a motor de combustão que conseguem rendimentos muito superiores aos híbridos. Não digo que os híbridos não são o caminho - acho que são - mas não vendam é banha da cobra. Os híbridos ainda têm um grande caminho pela frente até serem económica, energética e ambientalmente competitivos.

02 novembro 2008

Eco-fascismo beato


«Estudo conclui que afinal a culpa pelo aumento das temperaturas nos Pólos é nossa»
(in Público)

Afinal? Como se alguma vez nos últimos 10 anos se anunciasse algum estudo que dissesse que a "culpa" não fosse nossa... O que vale é que nos blogues é possível encontrar tem detractores deste neo-apocalipsismo.

Preparai-vos, ó infiéis. Eis que chegará o tempo em que tereis de dizer todas as manhãs "Nostra Culpa! Kyrie Terra Mater!" e bater com a tola na árvore mais próxima.